Para ser um Bom Velhinho não basta ter barba branca, vestir-se de vermelho e saber soltar aquele "Ho-ho-ho!" característico. A cada ano, a exigência cresce em torno dos requisitos necessários para quem quer ser contratado para encantar a criançada. A competição também aumenta, já que não faltam pessoas em busca de uma renda extra para o fim de ano remuneração que pode chegar a R$ 8 mil , motivo que tem levado Noéis a se especializar em cursos e a trocar informações com colegas para tentar manter sua clientela.
Há 24 anos, o repórter fotográfico Epaminondas de Mattos, 58 anos, se transforma em Papai Noel. Em dezembro faz questão de estar em Curitiba. "Prefiro não sair daqui. Já tenho contato com muitas famílias", conta Mattos, também Noel no Shopping Crystal, em Curitiba. Autodidata, sua escola está na troca de experiências com outros colegas. "Cada casa e cada criança são diferentes. Tiramos lições e os mais novos aprendem conosco", diz.
Curitiba tem centrais que canalizam e distribuem trabalhos para candidatos a Noel. Porém, faltam cursos de capacitação. Em São Paulo, um curso gratuito ministrado pelo ator Sílvio Ribeiro, 60 anos, já formou cerca de 1,2 mil Noéis em 33 anos. "A procura aumentou de 10 anos para cá. Procuram um emprego, renda extra. Por outro lado, aumentaram as ofertas de trabalho também", avalia Ribeiro, que vive na pele o que ensina há 42 anos. Uma das novidades do curso em 2009 esteve voltada para os cuidados que o profissional deve ter ao colocar uma criança no colo, abraçá-la e beijá-la. "No curso eu enfatizei a pedofilia. Existe uma preocupação muito grande no mundo todo sobre este problema", diz Ribeiro.
Os requisitos para trabalhar como Papai Noel podem variar de acordo com o tipo e o local da oportunidade de emprego. Dentre as características mais procuradas estão: ser gordinho, estar bem de saúde, ter boa dicção e boa postura, gostar de crianças e ser comunicativo.
Entretanto, o Bom Velhinho também precisa ser cuidadoso com o que diz às crianças. Uma boa dica é estar atento à feição dos pais no correr da conversa. "O grande segredo é deixar que a criança conduza o diálogo. Assim não corremos o risco de frustrá-la", aconselha Ribeiro. Já Mattos diz também ser preciso ter jogo de cintura e raciocínio rápido para driblar perguntas embaraçosas dos pequenos.
"Com uma palavra, podemos estragar toda a vida de uma criança, toda a educação que os pais deram", diz o Noel do Shopping Cidade, Francisco Veríssimo. Este é o sexto Natal em que o pedreiro Veríssimo, 55 anos, se transforma em um dos interlocutores de Noel. Ele conversa com cerca de 150 crianças diariamente no shopping um total de aproximadamente 4,5 mil meninos e meninas no mês do Natal.
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