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A conquista do mercado de trabalho formal e a responsabilidade pela estrutura familiar têm colocado a mulher como participante cada vez mais ativa na economia do país. Apesar de ter mais peso dentro do orçamento doméstico, elas seguem recebendo menos que os homens. É o que revela o relatório Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, divulgado pelo IBGE ontem.

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INFOGRÁFICO: Confira a distribuição de empregos entre homens e mulheres por setor

Informação até então inédita, o salto na contribuição da mulher para a renda familiar ganha destaque: hoje, ela responde por 40,9% do orçamento da família; na década passada, sua participação não ultrapassava 33%. A mulher paranaense acompanha a tendência nacional e hoje provê 38% da renda de casa, um aumento na participação de 7,4%. Nas zonas rurais, o protagonismo é maior: 42,4% do dinheiro que entra em casa é produzido por ela. A mulher também é a única responsável pela família em 37,3% das residências brasileiras e em 33,2% das paranaenses.

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A maior autonomia financeira e participação econômica advêm do aumento do número absoluto de mulheres presentes no mercado de trabalho. No entanto, a participação feminina em cada área ainda é menor do que a masculina. na última década, a participação delas no setor de serviços – uma predominância história – caiu 1,8%, enquanto a dos homens cresceu. Na Indústria, as mulheres ocuparam mais vagas: 2,3% em dez anos. Já a Agricultura foi o único setor que registrou redução geral de mão de obra no período: a baixa na população feminina foi de 0,5%.

O levantamento aponta também para distorções: apesar de um maior número de mulheres empregadas e de os índices de Ensino Superior Completo serem mais altos entre a população feminina, tanto no Brasil quanto no Paraná, ainda assim elas ganham menos. À despeito da valorização do rendimento médio feminino, que cresceu 12% – passando de R$ 959 para R$ 1.074 –, contra variação de 7,8% no salário médio masculino – passando de R$ 1.471 para R$ 1.587 – a remuneração das mulheres corresponde a apenas 73,9% do que eles recebem, no Brasil; e a 68,5% no Paraná. Elas também são a maioria na informalidade – a formalização foi maior entre os homens, passando de 50% para 59,2%, enquanto entre as mulheres subiu de 51,3% para 57,9%.

Sandro Silva, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), afirma que a tendência não é nova. Ele explica que isso ocorre porque as mulheres historicamente assumem atividades profissionais mais precárias, de baixa qualificação e pouco formalizadas, como o trabalho doméstico.

E, mesmo no mercado de trabalho formal, atuam em áreas cujas remunerações são inferiores, como saúde, educação e serviços, onde elas ocupam 68,1%, 54,8% e 83% das vagas respectivamente. Já em engenharia, produção e construção, áreas que pagam mais, elas são apenas 21,9%. "Embora as mulheres tenham escolaridade mais alta, elas ocupam a minoria dos cargos de chefia e gerência. Mesmo no setor industrial, as mulheres têm maior participação em subsetores que pagam menos, como de alimentação e têxtil".

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