Rio de Janeiro A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Fênix pássaro da mitologia grega que renasce das cinzas para desarticular uma quadrilha ligada ao traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Entre os presos está a mulher dele, Jaqueline Alcântara de Morais, que é acusada de comandar os negócios do traficante, preso desde julho na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), considerada a mais segura do país. Com ela foram encontrados US$ 200 mil.
Ao todo, participaram da Operação Fênix 300 agentes da PF de quatro estados e do Distrito Federal, divididos em 30 equipes. No total, ocorreram 11 prisões no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Foram cumpridos 24 mandados de prisão e outros 35 de busca e apreensão. Os mandados foram expedidos pela 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, especializada em crime organizado e lavagem de dinheiro.
Jaqueline, a esposa de Beira-Mar, foi presa em casa. Ela casou com o criminoso no fim de setembro deste ano, sob forte esquema de segurança. Beira-Mar namorava com Jaqueline, que é advogada, há 15 anos. Eles têm três filhos. Um deles, Felipe Alexandre da Costa, de 21 anos, também foi detido ontem, em Campo Grande. Ele estava no mesmo quarto de hotel com Ronaldo Alcântara de Morais, 37 anos, cunhado do traficante. A PF informou que Felipe não prestou depoimento, pois não há qualquer mandado contra ele no caso.
A Operação Fênix teve por objetivo prender integrantes da quadrilha de Beira-Mar, que estaria recebendo ordens do traficante de dentro da cadeia. Durante cerca de um ano e meio de investigações, foi provado que, mesmo preso, o criminoso continuou controlando o tráfico de drogas e armas em favelas do Rio. Segundo a investigação, ele estaria enviando ordens a seus advogados e parentes, que têm envolvimento em crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro, homicídio e tráfico de armas, entre outros.
Apoio logístico
O Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que controla as duas penitenciárias federais, colaborou nas investigações. A polícia mapeou toda a organização. Segundo o delegado federal Wagner Mesquita de Oliveira, foi confirmada "uma aproximação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), em São Paulo, que compartilhava fornecedores e dava apoio logístico no translado da droga, a título de pagamento de drogas". "A partir dos contatos feitos pelo Fernandinho com seus parentes e advogados, chegamos a identificar todos os fornecedores de droga cocaína, maconha, lidocaína e cafeína nos países vizinhos (Paraguai, Bolívia, Colômbia e Venezuela)", explicou Mesquita.
A prisão dessas pessoas entre elas fornecedores depende do cumprimento dos mandados pelos países onde elas estão. Esses mandados "estão sendo encaminhados para que sejam cumpridos no país, por acordo de cooperação. Também identificamos bens nos outros países que são frutos de lavagem de dinheiro do tráfico. Foi pedido o bloqueio deles nesses países", explicou o delegado.