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A mulher do policial civil Délcio Augusto Rasera - preso há dois meses pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC) acusado de fazer interceptações telefônicas ilegais - prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (6) no fórum de Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, e negou todas as acusações. Ela estava com os dois filhos, que também foram ouvidos.

Maria Luzia Rasera e os filhos - Luciano, policial militar, e Marcos Vinícius, estudante secundarista - são acusados de fazer parte do esquema que teria sido montado por Rasera para fazer escutas ilegais, e que foi desmantelado pela PIC na operação deflagrada no início de setembro, inclusive com a apreensão de equipamentos e grande quantidade de armas.

Maria Luzia negou todas as acusações e disse que sua família está sendo vítima de erros da polícia. Afirmou, também, que a vida dela e dos filhos "virou do avesso" com a prisão do marido - segundo ela, um policial civil honesto, com 25 anos de serviços prestados à corporação - e que a polícia levou material da casa dela irregularmente. "Varreduras"

Ao prestar depoimento, há uma semana, o próprio Rasera também havia negado todas as acusações. Ele disse que não fazia grampos telefônicos, e sim "varreduras".

No depoimento, Rasera afirmou que utilizava seu conhecimento em tecnologia para realizar varreduras em linhas telefônicas, para verificar se haviam escutas clandestinas. Sempre a pedido de clientes particulares.

O policial civil disse que trabalhava como investigador para o governo, para desbaratar fraudes contra o estado e órgãos públicos. Ele teria, em um de seus trabalhos, desvendado um esquema de corrupção em uma desapropriação de terra, onde seriam realizadas obras da Sanepar.

Além de Rasera, outras seis pessoas presas, que tiveram alguma relação com os grampos, seja como mandante ou instalador, também já foram ouvidas.

Revogação

Com o prazo do inquérito prestes a encerrar - faltam 20 dias para que as apurações sejam concluídas - o advogado de Rasera e de sua família, Luiz Fernando Comegno, está pedindo a revogação da prisão do policial civil. O próprio Comegno também foi indiciado pela PIC.

Também prestou depoimento no fórum de Campo Largo, nesta segunda (6), o diretor da Imprensa Oficial do estado, João Formighieri.

Ele é acusado de ter usado os serviços de Délcio Rasera para grampear o telefone de uma promotora de Justiça de Colombo, Daniele Thomé.

O advogado de Formighieri, Roberto Brzezinski, disse que seu cliente nega as acusações e apenas admite que conhecia Rasera.

Suspeitas

A prisão de Rasera ganhou destaque em pleno período eleitoral por causa da suspeita de um possível envolvimento dele com o governo do estado, e até mesmo com o governador reeleito, Roberto Requião.

Rasera se apresentava como assessor especial de Requião, como mostrou uma reportagem exclusiva da Gazeta do Povo.

O técnico de telefonia Juraci Pereira de Macedo, que também está indiciado, depôs envolvendo ainda mais o nome de Rasera ao do governador.

No depoimento, ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, o técnico diz que Requião pediu que Rasera grampeasse o irmão, Eduardo Requião - superintendente do Porto de Paranaguá - que na época estava brigado com o outro irmão, Maurício, secretário estadual de Educação. De acordo com Macedo, a escuta foi instalada em um endereço de Eduardo na época.

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