Uma mulher promoveu, nesta quinta-feira (21), uma manifestação solitária contra a decisão da Justiça que libertou a médica Virgínia Helena Soares de Souza, acusada de envolvimento em uma série de mortes de pacientes do Hospital Evangélico de Curitiba. Com um cartaz e um megafone, ela permaneceu por mais de cinco horas na Boca Maldita, protestando e pedindo que a médica seja reconduzida à prisão.
Identificada como Vanessa Rocha, a manifestante acusa Virgínia de ter provocado a morte de sua mãe, que foi paciente do Evangélico. "Minha mãe não morreu de causas naturais, ela era paciente da Dra. Virgínia S. de Souza" (sic), diz o cartaz que ela carregava. A mulher não quis dar detalhes do caso à reportagem e se limitou a dizer que deve prosseguir com as manifestações nos próximos dias.
Na quarta-feira (20), a 2ª Vara Criminal de Curitiba aceitou o pedido da defesa da médica e determinou que Virgínia fosse posta em liberdade. Ela deixou o Centro de Triagem I por volta das 16h15, após ter ficado presa por um mês.
MP-PR vai recorrer da decisão que libertou médica
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) foi notificado, na tarde desta quinta-feira, da decisão que libertou a médica e adiantou que vai recorrer. O prazo para o órgão apresentar recurso é de cinco dias, mas o MP-PR disse que deve efetivar sua contestação antes deste prazo.
O promotor Paulo Lima avalia que, diante da repercussão do caso e pelo fato de Virgínia ter sido apontada como "chefe da quadrilha" ao longo das investigações, ela deve permanecer presa até o julgamento. Ele vai analisar a decisão judicial, para elaborar o recurso.
Mortes em UTI
Na última semana, a Justiça aceitou denúncia criminal oferecida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) contra oito profissionais de saúde que são ou foram ligados ao Evangélico. Eles são acusados cada um, a seu tempo de envolvimento em sete mortes ocorridas na UTI Geral do hospital, entre 2006 e janeiro deste ano.
Segundo a denúncia do MP-PR, os profissionais da saúde abreviaram a vida dos pacientes com o objetivo de "girar a UTI", ou seja, de abrir novas vagas no centro médico. Segundo o documento, os acusados agiariam como se tivessem o poder de decretar quais pacientes teriam o direito a permanecer vivos no centro médico.
Além de Virgínia, também foram denunciados por homicídio os médicos Maria Israela Cortez Boccato; Edison Anselmo da Silva Júnior; e Anderson de Freitas; e as enfermeiras Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro e Lais da Rosa Groff.
Outras duas pessoas foram denunciadas pelo crime de formação de quadrilha - a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes mas elas não chegaram a ser presas.