Dados preliminares de uma pesquisa que vai determinar o perfil genético dos paranaenses mostram uma diferença entre as características da população masculina e feminina que reside no Paraná. Segundo o reponsável técnico do setor de biologia molecular do Laboratório Frishmann Aisengart, Marcelo Malaghini, que coordena o estudo, os homens têm características mais européia, enquanto que as mulheres têm uma maior miscigenação entre europeus, índios e um pouco de afro-descendentes.
De acordo com a reportagem de Fábio Okubaru da Gazeta do Povo desta terça-feira, Malaghini diz que estes dados não são conclusivos, pois a pesquisa deve estar concluída somente no início do próximo ano.
O resultado surpreendeu a socióloga Olga Maria Mattar. Segundo ela, a predominância de genes europeus retrata bem o histórico da colonização do Paraná, que recebeu diversos fluxos migratórios vindos da Europa, entre eles, alemães, italianos, poloneses e ucraniânios. A presença de negros no estado sempre foi pequena. "O Paraná quase não teve escravidão", conta.
Essas diferentes etnias resultaram num processo de miscigenação, mais restrito entre os povos provenientes do continente europeu. No entanto, a diferença entre homens e mulheres precisa ser mais detalhada para se chegar a alguma conclusão.
Uma das hipóteses levantadas por Olga é o fato de a população feminina ser maior do que a masculina, o que pode interferir nos resultados finais. "Como há mais mulheres do que homens, há maior propensão para a mistura de etnias e os índices se dispersam", diz.
As informações sobre as características dos paranaenses foram obtidas por meio de informações colhidas em 5 mil exames de paternidade realizado pelo do Laboratório Frishmann Aisengart. A pesquisa tem como principal objetivo estabelecer o perfil genético da população residente no Paraná. Com um banco de dados detalhado será possível aumentar o grau de precisão dos teste de DNA. Sabendo-se as características genéticas será possível, em alguns casos, aumentar a confiabilidade de 99,99% para 99,999999%. Atualmente, os laboratórios utilizam uma base de dados nacional para fazer os exames de paternidade, que não levam em consideração características regionais de cada estado. Entretanto, os resultados da pesquisa trarão outras informações complementares, a exemplo da origem étnica da população, que poderão ser úteis para pesquisas em diversas áreas. "O estudo será publicado em um artigo em uma publicação científica internacional, portanto os dados estarão disponíveis para todos", informa Malaghini.
Informações secretas
O pesquisador Marcelo Malaghini explica que os exames de paternidade são realizados em regiões específicas do DNA. Normas internacionais estabelecem que os testes não podem ser feitos em porções genéticas que determinam características individuais das pessoas, como cor dos olhos, dos cabelos, altura, peso, etc. "Essas informações poderiam ter mau uso no futuro", diz Malaghini. Uma utilização duvidosas citada pelo médico é o uso dessas informações durante a seleção para um emprego.
As pesquisas genéticas caminham a passos largos e, num futuro muito próximo, será possível descobrir quais os genes que contribuem para que um indivíduo tenha um ataque cardíaco precoce, por exemplo. Um banco de dados com as características genéticas completas dos indivíduos pode criar um processo de segregação social. "Por isso fazemos os testes em regiões que não estão associadas à produção de proteína, que é conhecida como 'lixo genômico', com função desconhecida", diz Malaghini.
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