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O médico geriatra Fernando Bignardi, coordenador do Centro de Estudos do En­­velhe­­cimento da Universidade Fe­­deral de São Paulo (Unifesp), recorre a um conceito sociológico para analisar a vulnerabilidade da saúde feminina. "A mulher trai a sua natureza da parceria, do acordo, para entrar na competitividade do mundo masculino. E isso a adoece", diz. Bignardi cita a socióloga austría­ca Riani Eisler, que destaca a atitude feminina como motor da sociedade como principal condição de sobrevivência da raça humana em milênios de civilização. "Durante muito tempo a liderança exercida pelo feminino foi de aliança: com a sociedade, com a natureza, com seus pares. Essa atitude é drasticamente contraposta com o domínio masculino pela força e poder. A ambição e a violência do homem são fatores que divergem da natureza feminina. Esse confronto mina a saúde", explica.

A violência contra o feminino também é observada em momentos onde o poder e a força bélica estão em jogo. "Há dados históricos que relatam o aumento dos casos de estupro às vésperas da eclosão de conflitos armados e guerras. É como se o homem precisasse violentar o feminino em si para conseguir ser mau ou violento", avalia.

Quando esse conceito é aplicado ao dia a dia, a angústia dessa nova postura feminina torna-se a matriz do seu sofrimento, tanto físico quanto psíquico. "O conflito leva ao sofrimento e à doença, que é considerada, erroneamente, como um fator natural da vida moderna", diz o médico.

Ele cita pacientes jovens, de 25 a 30 anos, que chegam ao consultório com diabetes e hipertensão como se esses quadros não fossem necessariamente alarmantes. "O esgotamento tornou-se comum e, muitas vezes, é negligenciado pelo cidadão. Ao fazer um check-up e encontrar alterações no seu organismo, a pessoa determina que isso é um problema do médico, não dele. O médico que precisa achar a cura."

Bignard trabalha com o conceito de medicina ecológica, em que doença e cura são fenômenos ecológicos, ligados à qualidade do alimento e do ritmo de vida, saudável ou não, do sujeito. "A doença é a semente da saúde. É a oportunidade de parar e retomar a saúde, de reorganizar a vida, principalmente em eventos agudos", explica. Na ânsia da cura, o mais fácil é recorrer a paliativos para resolver a crise, o que incomoda naquele determinado momento. "Poucos se dedicam a procurar as causas primárias, que levaram ao quadro de desequilíbrio. Isso mascara a cura e não elimina a doença."

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