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Foi preso nesta segunda-feira (17) o médico Roger Abdelmassih, um dos mais conhecidos especialistas em fertilização do Brasil. O médico é acusado de estuprar mais de 50 mulheres. Ele nega as acusações.

O médico foi preso dentro de sua clínica no Jardim América, em São Paulo. Eram pouco mais de 15h e ele tinha acabado de chegar para mais uma tarde de trabalho. Ele é acusado de estupro pelo Ministério Público, denúncia aceita nesta segunda-feira pela Justiça.

Uma mulher descreveu um ataque do médico na sala de pré-cirurgia, pouco antes da retirada de óvulos para a fertilização, um procedimento que é feito na própria clínica.

"Quando eu deitei na cama, ele pegou e veio acariciar meu seio e eu coloquei as minhas mãos assim (se protegendo). Aí, eu falei pra ele: ‘você não precisa mexer no meu seio pra tirar o óvulo de mim’. Ele estava sentindo prazer no que ele estava fazendo, entendeu?", relatou.

Elas tinham problemas para engravidar e, por isso, procuraram o especialista conhecido. Há também relatos de ataques logo após a cirurgia de retirada de óvulos. "Eu acordei levemente e lembro dele me beijando, beijando minha boca e falando para eu beijar ele e lembro dele passando a mão no meu corpo", relatou outra vítima.

Roger Abdelmassih se orgulha de ter ajudado a trazer ao mundo milhares de bebês. Muitos deles, filhos de casais famosos e bem-sucedidos. Casais que investiram muito no sonho de ter filhos.

Algumas dessas histórias chegaram à Promotoria no ano passado, mas a Justiça nem analisou a denúncia, porque não havia inquérito policial. A polícia entrou no caso, ouviu dezenas de mulheres que se apresentaram como vítimas, e o médico foi apontado como autor de crimes sexuais.

Na ficha policial dele agora consta: indiciado pelos artigos 214 do Código Penal (atentado violento ao pudor) e 213 (estupro). Entre as vítimas ouvidas pela polícia está uma paciente de Minas Gerais, que contou o que, segundo ela, aconteceu na sala de recuperação da clínica. "Assustada, abri os olhos com dificuldade e vi que quem me beijava era o médico. Não tive forças para conter suas investidas. Ele então levantou a camisola cirúrgica que eu estava vestindo e consumou o ato", narrou.

Os casos de ataques foram sendo compartilhados aos poucos. No começo, pela internet. "Quando eu soube que eu não era a única, para mim foi um grande alívio", afirmou uma vítima.

O médico se defendeu, alegando que as denúncias eram fruto de fantasia, provocada pelo anestésico que ele aplicava. Mas a delegada ouviu especialistas e concluiu: a versão do médico foi completamente descaracterizada.

A Promotoria, então, reapresentou a denúncia, com base na nova lei de crimes sexuais. Desde o dia 7 de agosto, o estupro é caracterizado como constranger alguém mediante violência mesmo que o ato sexual não seja consumado.

Defesa contesta

À tarde, o advogado de Roger Abdelmassih disse que o médico alega inocência. "A defesa entende que o decreto da custódia preventiva do dr. Roger é um decreto ilegal . Ele preenche os requisitos para aguardar o julgamento em liberdade", afirmou o advogado José Luís Oliveira Lima.

Em um caso inédito, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo abriu 51 processos éticos contra o médico. "O conselho é um tribunal que julga a ética dos médicos. Como um tribunal, ele tem que dar ampla e total direito de defesa e isso o colega, o Doutor Roger, vai ter", declarou o vice-presidente do CRM, Renato Azevedo.

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