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Saúde

Mulheres protestam contra revogação de portaria sobre aborto feito no SUS

Cerca de 40 mulheres se reúnem na tarde deste sábado (7), na escadaria da catedral da Sé, no centro de São Paulo, para protestar contra a revogação da portaria que modificava a forma de registrar os casos de abortos legais feitos na rede pública pelo Ministério da Saúde.

Para as organizadoras, a greve dos metroviários gerou a baixa adesão. "Tem um pessoal trazendo as faixas com dificuldades na linha azul. A gente marcou logo que a revogação ocorreu [no último dia 29], não imaginávamos que a cidade estaria assim, com ônibus cheios, trânsito e várias estações de metrô fechadas", disse Jéssica Hipólito, 22, que ajudou a convocar manifestantes nas redes sociais.

Além da mudança no registro estipulada pela portaria, também foi cancelado o aumento do valor que seria pago pelo procedimento, previsto para aumentar de cerca de R$ 170 para R$ 483.

Para Jéssica, a questão vai além da nomenclatura. "Iria mudar toda a forma como o SUS lida com abortos para os casos já previstos em lei [anencéfalos, estupro e risco à gestante]. Sem falar que poderíamos ter acesso a estatísticas mais detalhadas, o que hoje não existe", afirmou a militante, que disse que não há uma organização responsável pela manifestação.

A revogação ocorreu após críticas da bancada evangélica. O PSC (Partido Social Cristão) havia informado que via a decisão como uma "oficialização do aborto no Brasil". Na ocasião, o Ministério da Saúde informou que constatou falhas técnicas nesta e em outras três portarias da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) publicadas entre março e maio deste ano.

"Nas portarias constam erros de pactuação das ações de saúde entre o Ministério e os gestores locais do SUS, além de imprecisões na avaliação financeira de procedimentos financiados pelo Ministério. Após esta constatação, o Ministério da Saúde decidiu revogar as quatro portarias", afirmou em nota.

A portaria mantinha as situações já previstas pela legislação para a realização de aborto na rede pública - estupro, risco à vida da mãe e fetos anencéfalos - e também não alterava a lista de serviços de saúde credenciados ou os procedimentos realizados, como cirurgias e medicamentos.

Ela apenas criava uma categoria própria de registro para o procedimento, que deixava de ser marcado na categoria mais ampla de curetagem (método usado em outras situações para além do abortamento) e passava a ser registrado como interrupção da gestação ou antecipação do parto.

Sobre a Marcha para Jesus, também realizada neste sábado em São Paulo, as ativistas afirmam que foi uma coincidência. "Viemos aqui hoje simplesmente porque a revogação da portaria é um tremendo retrocesso aos direitos da mulheres pelos quais tanto lutamos", disse Amelinha Teles, 69, da União de Mulheres de São Paulo.

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