O Ibope Inteligência e a Editora Abril divulgaram ontem, em Curitiba, uma pesquisa sobre o que pensam e quais são os desejos das mulheres brasileiras atualmente. Foram entrevistadas 1,6 mil mulheres neste ano, das classes AA, AB e C. Em uma lista de prioridades, estabilidade financeira e saúde foram os dois primeiros itens que as mulheres das classes AB e C classificaram como essenciais. Já as que pertencem à classe AA, ter saúde e amigos está em primeiro plano.
O diretor-executivo do Ibope Inteligência, Nelsom Marangoni, explica que a pesquisa revela que as mulheres começaram a se preocupar mais com o presente e deixaram um pouco de lado o futuro. Por isso a carreira, principalmente nas classes mais altas, deixa de ser prioridade. "Elas voltaram-se para a qualidade de vida, para a necessidade de realizar seus desejos pessoais", diz. Por isso mesmo, as frustrações acabam sendo maiores entre as mulheres da classe AA. Os índices de expectativa em relação a diversos itens (veja abaixo) são quase todos altos (acima de 70%). Elas querem mais atenção, mais amigos e ter uma vida sexual boa. "A sociedade sempre exigiu muito delas, por isso foram acumulando carências. Elas gostariam de ter mais tempo para gastar com a família, mas também querem mais atenção", comenta Marangoni.
Já as mulheres da classe AB e C têm ainda um foco grande na família. Essas diferenças são perceptíveis na tabela abaixo: quando se compara classe A e AB existe uma grande diferença sobre o que é prioridade na vida; já entre classe AB e C os desejos praticamente se igualam. Pessoas menos privilegiadas financeiramente ainda pensam em ter mais filhos é o quarto item em ordem de importância. As mulheres mais ricas dizem que ter filhos está entre as últimas expectativas. "O modo de ver a vida é diferente. As mulheres de classe mais alta se vêem morando sozinhas no futuro, enquanto as outras pensam em ter uma ou duas crianças", afirma Marangoni.
Em uma comparação, porém, com uma pesquisa similar feita em 2003, o Ibope mostra que o foco na família tem diminuído entre as mulheres da classe C: neste ano, 53% delas falaram que ter filho é a coisa mais importante da vida, enquanto em 2003, 75% delas fizeram a mesma afirmação. Quando a mulher deixa de prestar tanta atenção nos filhos, ela começa a ter mais tempo para si mesma, a cuidar-se mais, afirma Marangoni. "Se preocupar com o próprio bem-estar é muito relevante, porque essas mulheres começam a desenvolver mais a auto-estima."
A designer Silvia Döring, 36 anos, não tem filhos, mora sozinha e é financeiramente independente. Para ela, o amor, os amigos e a realização profissional são prioridades. "Fazer o que você gosta é ter qualidade de vida. A mulher não tem mais aquela obrigação de se casar, mas precisa ter um companheiro", diz. O casamento e o divórcio foram itens considerados importantes pelas mulheres entrevistadas: elas querem casar, mas não com a obrigação de ficar ao lado de quem não as deixa felizes. "O casamento só é bom quando se está bem com a pessoa escolhida, por isso acredito que o divórcio também é positivo", comenta Silvia. A designer sonha em ter filhos, mas diz que ainda não chegou a sua hora. "Sempre viajei muito e busquei antes a realização profissional", conta.
Um ano atrás, Silvia não tinha tempo para nada: trabalhava até mesmo nos fins de semana. "Agora, gasto mais tempo com atividades de lazer. Só não casei ainda porque a pessoa certa não apareceu", afirma. O diretor-executivo do Ibope lembra ainda que as mulheres estão cada vez menos conservadoras e preconceituosas, inclusive em relação aos relacionamentos entre pessoas de mesmo sexo.
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