Representantes de entidades feministas aproveitaram o Dia Internacional da Mulher para defender a legalização do aborto em atos públicos realizados ontem em várias cidades do país. Em Brasília, com faixas, música e dança e distribuição de panfletos um grupo de cerca de 20 mulheres defendeu o que considera direito de escolha. As faixas traziam frases como "Maternidade não é obrigação, é opção" e reivindicações de melhoria no atendimento às mulheres nos serviços públicos de saúde.
"Hoje temos um processo de criminalização das mulheres que praticam aborto e das que ajudam as outras que necessitem praticar aborto, mesmo nos casos de aborto legal. Isso foi sacralizado semana passada pelo bispo que excomungou a equipe médica que realizou um aborto", disse a representante da Marcha Mundial das Mulheres, Isabel Freitas. Ela se referia ao arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou a mãe e os médicos que fizeram aborto em uma menina de 9 anos, grávida de gêmeos, depois de estuprada pelo padastro.
Em São Paulo, as mulheres lembraram o dia pedindo soluções para a crise econômica mundial e a legalização do aborto. "Não foram as mulheres que causaram a crise desse sistema capitalista e machista. Não somos nós que controlamos essa dinâmica e não somos nós que devemos pagar por ela", disse a pesquisadora da Unicamp Mariana Cestari, coordenadora da manifestação. O movimento feminista luta para que o governo federal consiga desenvolver políticas para manutenção da estabilidade do emprego.
De acordo com Mariana Cestari, uma mulher é espancada a cada 15 segundos no Brasil, e 70% dos casos ocorrem dentro de casa. No ano passado, o Disque-Denúncia da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres recebeu 24,5 mil denúncias de violência. Em 63% dos casos, o agressor era o cônjugue. Os tipos de violência mais comuns foram a lesão corporal leve (52,5%) e a ameaça (26,5%).