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Reforma agrária

Mulheres sem-terra voltam a promover ocupações

São Paulo – Grupos de mulheres sem-terra promoveram ontem mais um dia de invasões em diversos pontos do país. A Via Campesina e o MST fizeram protestos e ocupações em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Sergipe e Alagoas. O objetivo dos protestos, segundo o MST, é chamar a atenção para o Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje.

Em Minas, o protesto prejudicou a produção da Companhia Vale do Rio Doce na mina Capão Xavier, da empresa Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) – subsidiária da Vale.

Segundo a companhia, 12 mil toneladas de minério de ferro deixaram de ser produzidas durante a ocupação, que durou quatro horas – das 6h30 às 10h30.

"A Companhia Vale do Rio Doce lamenta e condena atos com intenção política que interrompam suas atividades ou ameacem a segurança de seus empregados", informou nota divulgada pela empresa.

Em São Paulo, mais de 900 mulheres da Via Campesina ocuparam uma área da usina de álcool Cevasa, no município de Patrocínio Paulista, região de Ribeirão Preto. A usina teve parte de seu capital vendido recentemente para a multinacional Cargill. A empresa ainda não comentou a ação.

Segundo o MST, a produção de etanol (álcool) a baixos custos para os Estados Unidos – motivo da visita de George Bush ao Brasil amanhã e sexta-feira (leia mais sobre o assunto nas páginas 15 e 16) – beneficia apenas ao agronegócio, em detrimento dos interesses da sociedade brasileira e das necessidades da maioria da população.

No Rio de Janeiro, cerca de 150 trabalhadoras rurais, sindicalistas e militantes feministas ocuparam uma área localizada na frente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O BNDES informou que a ação da Via Campesina não afeta as atividades da instituição.

Outros estados

Quatro invasões comandadas por mulheres foram registradas ontem no Rio Grande do Sul. Cerca de 1.300 mulheres participaram das ocupações de áreas de grupos como Votorantim e Stora Enso, além de um fornecedor da Aracruz.

Em Sergipe, 500 mulheres ligadas à Via Campesina fecharam dois pontos da BR-101 ontem pela manhã. Os bloqueios aconteceram em Maruim e Estância. No Pará, cerca de 800 mulheres agricultoras do sul do estado estão acampadas numa praça da capital para marcar o Dia Internacional da Mulher. Em Maceió (AL), cerca de mil agricultores sem-terra, a maioria mulheres, estão acampadas desde em frente à sede do governo.

Este é o segundo ano consecutivo em que mulheres sem-terra promovem invasões na semana do Dia da Mulher. No ano passado, um grupo de 2.000 militantes da Via Campesina invadiu e danificou instalações do horto florestal da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro (56 km de Porto Alegre). A depredação durou meia hora e causou um prejuízo de ao menos US$ 1,2 bilhão.

Segundo a Aracruz, as mulheres da Via Campesina destruíram 1 milhão de mudas prontas para plantio e 4 milhões de mudas revolvidas.

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