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Por meio de um comunicado oficial, a multinacional suíça Trafigura divulgou um acordo milionário feito com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos para encerrar a investigação sobre um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras.
De acordo com o comunicado, “a conduta de ex-funcionários ou agentes no Brasil, ocorrida há aproximadamente 10 anos ou mais” não condiz com os princípios da empresa.
“Como parte da resolução, e sob os termos do acordo de delação, a Trafigura Beheer BV, controladora do Grupo Trafigura durante o período relevante, pagará um valor total de aproximadamente US$ 127 milhões”, diz um trecho do comunicado publicado no site da empresa no dia 28 de março de 2024.
Considerada uma das maiores empresas de comércio de commodities do mundo, a Trafigura virou alvo da Lava Jato em 2018, quando o Ministério Público Federal no Paraná denunciou dois ex-executivos da empresa, um operador e um ex-gerente da Petrobras por corrupção e lavagem de dinheiro no setor de compra e venda da estatal.
De acordo com o MPF, na época, foram identificadas 31 operações de compra e venda de óleo combustível entre a Trafigura e a Petrobras envolvendo o pagamento de US$ 1,5 milhão em propina. Segundo a Justiça americana, o esquema teria feito a Trafigura lucrar cerca de US$ 61 milhões.
A propina teria sido paga ao ex-gerente de Comércio Externo de Óleos Combustíveis da Petrobras pelos executivos da Trafigura para obtenção de facilidades e vantagens na compra do combustível.
Os pagamentos teriam sido intermediados por operadores financeiros, com o uso contas secretas no exterior. De acordo com a denúncia, o repasse aos funcionários da Petrobras, no Brasil, era feito em espécie.
A denúncia do MPF tem como base o material encontrado em quebras de sigilo telemático e análise de mídias e documentos apreendidos durante a 44ª fase da operação Lava Jato.
Segundo as investigações, o esquema mantido pela Petrobras e Trafigura vigorou por, pelo menos, seis anos e durou até a época da denúncia, em 2018.
Apesar do conjunto probatório do esquema de corrupção, a investigação do caso encontra-se parada atualmente em decorrência do desmonte sofrido pela Operação Lava Jato nos últimos anos.
Enquanto o MPF tem tentado retomar o processo, os acusados pedem que as provas sejam declaradas nulas com base em decisões judiciais anteriores que usam o episódio conhecido como “Vaza Jato” para desqualificar as investigações.
A Gazeta do Povo entrou em contato com a Petrobras e aguarda retorno.