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Aniversário

Múltiplos sotaques na história de Maringá

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(Foto: Walter Fernandes/ Gazeta do Povo)
66 anos de fundação são comemorados hoje em Maringá. A cidade nasceu em 1947. |

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66 anos de fundação são comemorados hoje em Maringá. A cidade nasceu em 1947.

Portugueses e japoneses fazem parte da história de Maringá, cidade do Noroeste paranaense que completa hoje 66 anos de fundação. Os imigrantes dessas duas nacionalidades vieram há muitas décadas, ajudaram a construir tudo o que é visto atualmente e, por mérito incontestável, têm status de pioneiros. No entanto, apesar de mais lembrados, eles não são os únicos estrangeiros cujas trajetórias se confundem com a do próprio município. Gregos, húngaros, libaneses e judeus de diferentes nacionalidades também deram sua contribuição.

Diferentemente de portugueses e japoneses, que pisaram na terra vermelha pela primeira vez com emprego certo e uma centena de conterrâneos para ajudá-los, gregos e libaneses chegaram ao município sem falar português, apenas com uma mala cheia de mercadorias para vender e muita vontade de começar a ganhar a vida. "A gente chegava mudo, seco e sem dinheiro. Uma verdadeira aventura", resume o libanês Ali Mohamed Abou Fares.

Ele chegou a Maringá em 1953, aos 21 anos, com duas malas cheias de artigos para cama, mesa e banho que, por algum tempo, foram arrastadas pelos caminhos de terra em busca de compradores. Fares conta que conquistava os clientes pela qualidade das peças e pelo jeito libanês de negociar. "Precisava dar um jeito de vender já na primeira família que visitava, caso contrário não conseguiria fechar as malas de novo [estavam lotadas de produtos]. Por isso, valia receber animais, como galinhas e porcos, como forma de pagamento também."

Sem calote

Como não falava português, o libanês relata que o pagamento era negociado por meio de gestos. Aos poucos, conquistou a freguesia e nunca mais deixou Maringá. Um detalhe que faz questão de frisar é o de que, apesar de todas as dificuldades, nunca sofreu calote. Na opinião dele, as pessoas eram mais honestas naquela época. Mesmo quando compravam fiado, não deixavam de acertar as contas. O resultado: em cinco anos, o jovem mascate já possuía propriedades na cidade. "Tenho orgulho de dizer que vivi todo o crescimento que diziam ser possível aqui."

Pousada bom sucessoHotel de imigrante húngara marcou época na cidade na década de 40

Praticamente desconhecida da população local, a trajetória dos imigrantes húngaros em Maringá foi pouco documentada. Os únicos relatos foram feitos de forma verbal, de geração em geração. Segundo o jornalista e pesquisador Rogério Recco, muitos pioneiros contam que, na década de 1940, havia uma húngara bastante conhecida porque era proprietária do Hotel Bom Sucesso, o primeiro da região do Maringá Novo – em oposição ao Maringá Velho. Essa mulher era chamada de dona Josefa. "Os pioneiros me contaram que essa húngara buscava água em uma grande carroça para abastecer o hotel", lembra. "Era também conhecida na cidade por ser muito brava e andar sempre com dois revólveres na cintura."

Judeus

A comunidade judia tem vários representantes até hoje em Maringá. A Gazeta Maringá tentou contato com alguns deles, que vieram de diferentes países, mas todos preferiram não compartilhar as histórias de pioneirismo. O motivo se deve às feridas causadas pelo preconceito que sofreram no município quando chegaram.

Para fugir da discriminação, muitas famílias judias usam nomes cristãos. "Tanta gente que não gosta de judeus convive conosco tranquilamente. É melhor não saberem quem somos", confidenciou um judeu que chegou à cidade na década de 1950.

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