A cidade de Santo André, no ABC paulista, pode adotar rodízio de água a partir de setembro, informou na segunda-feira (20) o Serviço Municipal de Saneamento Ambiental (Semasa) do município.
De acordo com a autarquia, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) diminuiu, em 1.º de julho, o repasse de água à cidade de 1,85 mil litros por segundo para 1,75 mil l/s, “quantidade insuficiente para abastecer de forma adequada toda população”. “Com tal volume de água disponível pela Sabesp, o rodízio deve ser inevitável no verão, quando o consumo é sempre maior”, explicou o Semasa, em nota.
O órgão não descarta, no entanto, aplicar o rodízio já no começo da primavera. “A autarquia tem realizado esforços constantes para amenizar as deficiências que têm ocorrido, buscando melhorar a regularidade do fornecimento de água, e caso a situação fique insustentável, o Semasa poderá adotar o rodízio a partir de setembro.”
A autarquia compra da Sabesp 94% da água destinada para o município, e o restante é produzido em Santo André. O serviço é o responsável por redistribuir a água na cidade.
O Semasa ainda reclama que o corte desde o início do mês, “da ordem de 26%”, tem causado dificuldades de abastecimento, e que a vazão da Sabesp para Santo André “não tem regularidade, ou seja, há períodos do dia em que o envio fica muito abaixo dos 1,75 mil l/s, e isso sem aviso prévio da companhia”.
A Sabesp, em nota, rebateu o Semasa e afirmou que a redução da vazão para 1,75 mil l/s foi uma medida implementada recentemente “em comum acordo entre as duas entidades”. Em toda a região metropolitana, a Sabesp diz ter reduzido a produção de água em 27%, enquanto o Semasa teria diminuído em apenas 21%. “Com a medida, os porcentuais de redução praticamente se igualaram”, informou a Sabesp.
A empresa disse ainda que, com ajuda e compreensão da população, “tem conseguido enfrentar a crise hídrica sem impor o rodízio”. “Se houver interesse, a Sabesp se dispõe a cooperar tecnicamente com o Semasa para que também em Santo André essa medida extrema não precise ser adotada”, ressaltou a companhia, em nota.
Em novembro, 40 municípios do Estado de São Paulo chegaram a enfrentar rodízio.
Em março, a Sabesp iniciou uma ofensiva para tentar receber R$ 3 bilhões em precatórios (pagamentos de dívida pública determinados pela Justiça) devidos por Santo André, Guarulhos e Mauá, e obrigar que os municípios paguem integralmente a conta da água comprada no atacado. A dívida acumulada pelas cidades chega a R$ 6,6 bilhões.
Hoje, apenas cinco cidades da Grande São Paulo compram água da Sabesp e fazem a distribuição à população por autarquias próprias de saneamento. A lista inclui Mogi das Cruzes e São Caetano do Sul, que estão com as contas em dia.
Na ocasião, o superintendente do Semasa, Sebastião Ney Vaz Júnior, disse que não reconhecia a dívida porque compra água “sem nenhum instrumento contratual” e o valor da tarifa é “abusivo”.