Se depender do fraco empenho dos seus inquilinos, o Aterro da Caximba, na região Sul de Curitiba, vai continuar com a vida útil próxima do limite. Dos 15 municípios da região metropolitana (RMC) que usam o local, só três nformam com regularidade ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias do Meio Ambiente o volume de resíduos ali depositado. Não há lei que os obrigue a dar essas informações, apenas uma cruzada de conscientização que o promotor de Justiça Saint-Clair Honorato Santos faz há mais de um ano. Nesse período, a redução de lixo na Caximba não chegou a 5%. Caiu de 2,4 mil toneladas para 2,3 mil toneladas por dia.

CARREGANDO :)

A cada três meses, representantes do setor são convidados a apresentar os resultados de campanhas para reduzir a emissão de dejetos. Ontem, no Ministério Público, a maioria disse ter enviado os dados via internet, que por alguma razão não chegaram. O objetivo é medir o volume de resíduo de cada município para buscar meios de reduzi-lo. Pela segunda vez, Saint-Clair trouxe exemplos de outra região para tentar convencer prefeitos e secretários de meio ambiente da grande Curitiba de que vale investir na reciclagem e na compostagem do lixo.

Em abril, o encontro mostrava a experiência de General Carneiro, na região Sul do estado, que passou a reaproveitar 80% das 3,5 toneladas de lixo que produz por dia. Ontem foi a vez de mostrar o exemplo de Bituruna, na mesma região. Tudo mudou da noite para o dia. Após um mês de campanha de conscientização, o projeto de reciclagem e compostagem foi lançado em 16 de março. No dia seguinte cairia para 30% o volume de lixo enviado ao aterro sanitário da cidade. Hoje, 85% da separação é feita pelos moradores.

Publicidade

O exemplo de Bituruna mostra, ainda, que é possível ganhar dinheiro com o lixo. O investimento do município foi de R$ 88,7 mil na construção do barracão e na compra do maquinário para a reciclagem e compostagem. "Como projeto de engenharia não há novidade nenhuma", diz o técnico industrial Leonardo Quadros Filho. O valor da iniciativa é o resgate social, ressalta Quadros. As 22 pessoas que antes viviam da coleta de nas ruas e no lixão agora fazem parte de uma associação e têm renda média de R$ 400.

Pelo menos 77% dos 4.750 quilos de lixo produzidos por dia em Bituruna são reaproveitados. Desse total, 80% são matéria orgânica que vira adubo e os 20% restantes são materiais recicláveis.

Outro ganho pode ser medido na saúde. Estimativas da Fundação Municipal de Saúde apontam para uma redução de 30% dos casos de doenças relacionadas à falta de saneamento básico. O programa é ideal para cidades com até 30 mil habitantes, faixa em que se enquadram 80% dos municípios do Paraná. Mas como implantá-lo numa cidade como Curitiba, 200 vezes maior do que Bituruna? Quadros sugere a divisão das cidades maiores em bairros ou áreas, nos quais o programa poderia ser facilmente implantado.