Citada como exemplo pelo procurador de Justiça Saint-Clair Honorato Santos, a cidade de Biturura, na Região Sul do estado, instalou uma usina de compostagem em março de 2006. Segundo Santos, houve reduções de R$ 1,1 mil com o uso de caminhões para o transporte do lixo e de R$ 2,8 mil com a utilização de maquinários. Já o custo da varrição no município teria caído de R$ 29 mil para R$ 16,8 mil mensais. "Vão ter que provar ao Ministério Público que aquele dinheiro que será colocado no Consórcio do Lixo ganha desse aqui", desafiou o procurador.
Outro município que aderiu à compostagem é General Carneiro, também na Região Sul. A terceira cidade do estado a adotar o sistema deverá ser Cruz Machado, no final do ano.
A implantação dos sistemas foi coordenada pelo técnico industrial Leonardo Quadros Filho. Segundo ele, com o sistema é possível destinar apenas 20% do total de lixo coletado para aterros sanitários (nos dois municípios, a média estaria em 18%). Dos 80% restantes, 40% dizem respeito a materiais recicláveis, e os outros 40% ao lixo orgânico que vai para as usinas de compostagem. Quadros, no entanto, faz um alerta: "O aterro é um pressuposto, é imprescindível. Compostagem sem aterro seria como a pessoa ingressar na universidade sem concluir o segundo grau".
No processo de compostagem por digestão aeróbia (por microorganismos que sobrevivem na presença de oxigênio), o lixo orgânico (como restos de comida) é armazenado durante 60 dias a uma temperatura que varia de 45 a 65 graus centígrados, em um ambiente com umidade entre 45% e 55%. Depois de um período de maturação que pode durar 30 dias, o material pode ser utilizado em jardins.
"Se resolvermos o problema dos municípios pequenos, resolveremos o problema de 80% do Paraná", afirmou Quadros. "Se pegarmos cada município da região metropolitana de Curitiba, o volume de cada um é pequeno, mas na hora em que mandamos tudo para a Caximba, é um desespero." Para Quadros, é preciso vencer um paradigma: "Historicamente, lixo vai para o aterro sanitário. A maioria dos países da Europa não tem aterros como os nossos." (JML)