Onze anos depois de terem sido construídas na Costa Oeste do Paraná, as seis bases náuticas situadas ao longo do Lago de Itaipu finalmente poderão ser administradas pelos municípios lindeiros. Para Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon, a decisão chega um pouco tarde. As cidades serão obrigadas a fazer investimentos pesados se quiserem aproveitar as edificações, que estão depredadas e abandonadas.
As bases náuticas foram construídas em 1997, durante o governo Jaime Lerner, para os Jogos Mundiais na Natureza, competição internacional criada para aproveitar a orla do lago e divulgar o turismo da região. Como os jogos foram disputados apenas uma vez, as bases não foram mais aproveitadas.
Com investimentos próprios, os municípios de Itaipulândia, Santa Helena e Entre Rios do Oeste conseguiram conservar as bases, mas não puderam ampliá-las porque não tinham responsabilidade sobre o patrimônio. A exceção foi Guaíra, que administrou a base desde a construção, já que a estrutura foi feita em terreno do município.
O repasse das bases aos municípios começou a ser viabilizado a partir de negociações entre a Itaipu Binacional e o governo do estado. Para isso, foi rescindido um contrato de comodato firmado entre o estado e a Itaipu, em 2000. À exceção de Guaíra, as outras cinco bases náuticas estão sendo repassadas à Itaipu, que já está em contato com os municípios para saber se há interesse em administrá-las. "Por parte do estado, já se pode considerar que as bases estão devolvidas", diz a superintendente da Eco Paraná, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Turismo, Micheli Poitevin. Para o repasse tornar-se oficial falta apenas a assinatura do laudo de uma vistoria, realizada nos dias 14 e 15 de agosto.
Abandono
Apesar da disposição da Itaipu, as bases podem ter destinos diferentes. O município de Marechal Cândido Rondon não tem interesse imediato em assumir o patrimônio, que está depredado. "Para assumirmos teríamos que tirar uma verba de um setor e desembolsar pelo menos R$ 10 mil para a manutenção. A prioridade é a saúde e a educação", diz a Secretária de Indústria, Comércio e Turismo, Úrsula Kayser. Para ela, a base, situada em Porto Mendes, foi construída em local impróprio, de difícil acesso. "Depois dos jogos, a base não teve nenhuma utilidade", diz.
A base de Foz também está abandonada. Há vidros quebrados, telhas arrancadas e mato espalhado pelo local, situado ao lado do Terminal Turístico de Três Lagoas. O secretário municipal de Obras, Ruberlei Santiago, diz que o município tem interesse em receber a estrutura, reformá-la e terceirizá-la para a prática de esportes náuticos, como caiaque e vela. Santiago adianta que a prefeitura já tentou assumir a base náutica. "O problema maior eram as dívidas de impostos", afirma.
Cartão-postal
A situação é melhor nos municípios de Entre Rios, Santa Helena, Itaipulândia e Guaíra, onde as prefeituras conservaram as bases e as utilizam. Em Guaíra, recentemente o local foi cedido provisoriamente à Polícia Federal, para a instalação de um núcleo de polícia marítima. Em Entre Rios, a instalação é usada nos fins de semana, para a prática de pesca esportiva. A prefeitura é responsável pela manutenção e pela segurança. Em Santa Helena, a prefeitura considera a base náutica, que fica a 20 quilômetros do centro da cidade, um cartão-postal. O município de Itaipulândia também conserva sua base.
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