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Memória

Museu Nacional, no Rio, recupera cores originais

Cores antigas eram rosa e cinza; raspagem com bisturis e pesquisa em ilustrações do século 19 mostraram as cores que o prédio tinha no período imperial | Isabela Kassow/Agência ODia
Cores antigas eram rosa e cinza; raspagem com bisturis e pesquisa em ilustrações do século 19 mostraram as cores que o prédio tinha no período imperial (Foto: Isabela Kassow/Agência ODia)

Rio de Janeiro - O Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio, recuperou sua cor original, da época em que o palacete era ocupado por dom João VI – mais tarde, o prédio serviu de residência a outros integrantes da família imperial. Os dois tons de ocre voltaram à construção após a restauração do telhado e da fachada, iniciada em 2003.

Para chegar à cor original houve um cuidadoso trabalho de prospecção – com um bisturi médico, os restauradores rasparam as camadas de tinta que o prédio recebeu ao longo das décadas. Também tiveram de pesquisar livros e museus – quadros de Debret, desenhos dos diários da escritora Maria Graham, preceptora das filhas de dom Pedro I, e aquarelas de Edward Hidelbrand mostraram que o imóvel não era rosa nem cinza, cores que predominaram a partir de 1940.

"O rosa foi autorizado pelo Patrimônio Histórico, a pedido de um diretor do museu. O cinza é do período do governo militar. Resgatar as cores do prédio é devolvê-lo ao seu estilo arquitetônico, o neoclássico", diz a arquiteta Marisa Assumpção, que está à frente do restauro, feito pelo Instituto Herbert Levy, com patrocínio da Petrobrás.

Presente

O palacete era a casa do comerciante de escravos Elias Antônio Lopes. Ele presenteou dom João VI, quando o rei veio para o Brasil, em 1808. Ao longo dos anos, a construção foi sendo modificada – em 1816, ganhou um torreão em estilo gótico. Quinze anos depois, outro torreão, em estilo neoclássico. Os estilos foram unificados em 1831.

"Era uma casa colonial, de fazenda. Em torno desse quadrilátero foi crescendo o palacete, que ganhou varandas, portais. No início, dom João não quis investir em reformas, para não configurar que permaneceria no Brasil. Depois foi ganhando anexos e, a partir de 1841, já tem as mesmas características de hoje", diz Marisa.

Durante o restauro da fachada principal foram recuperadas esquadrias, cantarias e removida a argamassa de cimento. As esculturas que ornamentam o telhado, no entanto, ainda não foram restauradas. "Duas delas foram retiradas para análise. A degradação é muito grande. Há fissuras graves nos mármores. O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro ainda precisam decidir se elas devem ser restauradas, se vão permanecer expostas ou se serão substituídas por réplicas, para preservar as originais", disse Marisa.

Na próxima etapa da obra serão recuperados a fachada lateral e os fundos do prédio. Nesse bloco foram construídos os aposentos que dom Pedro I passou a ocupar após o casamento com dona Leopoldina. Os quartos tinham vista para a estrebaria.

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