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Qualidade de vida

Música para aliviar as dores da idade e da alma

Edilah Bessler e o musicoterapeuta Carlos Doro: sessões semanais garantem as doses de ânimo e bom humor | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Edilah Bessler e o musicoterapeuta Carlos Doro: sessões semanais garantem as doses de ânimo e bom humor (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Hoje o dia começa diferente para a professora aposentada Edilah Cecília Santos Bessler, 84 anos. Toda quinta-feira, ela pula da cama cedinho, toma um banho demorado, de onde sai perfumada e disposta a vestir suas melhores roupas. Há três anos, o comportamento era o oposto. "Ela ficava a maior parte do tempo deitada, levava uma vida sedentária e não tinha ânimo para nada", conta a filha Sônia Maria Santos Bessler.

A mudança veio depois do tratamento com musicoterapia, que Edilah mantém até hoje e nem pensa em parar. "Não consigo imaginar minha vida sem. Sempre me falam para fazer palavras-cruzadas para exercitar a memória, mas não há nada mais chato. A música me acompanha todas as noites quando deito e vou recordando cada palavra, cada melodia", conta.

De acordo com Sônia, o quadro de depressão da mãe não apresentava melhora apenas com os remédios e acompanhamento psicológico clássico. "Depois que ela chegou aos 80 anos, passou por muitas perdas e precisava de um incentivo para se conectar consigo mesma." Essa conexão aconteceu quando foram alinhados os tratamentos de homeopatia, acupuntura e musicoterapia. "A música veio para complementar o que já estava sendo feito", diz a filha.

Segundo o musicoterapeuta Carlos Antônio Doro, durante as sessões, o paciente é orientado a restabelecer contato consigo mesmo, resgatar sua espontaneidade, além de trabalhar a auto-estima, a capacidade de comunicação, a coordenação motora e a concentração. No caso de Edilah, a ligação da família com a música e o talento para composição foram ferramentas importantes para as sessões. A professora tinha poesias e letras guardadas da época em que dava aulas para a pré-escola.

Indicação

Formado pela Faculdade de Artes do Paraná, Doro usa a música para trabalhar com pacientes nos mais diversos quadros de saúde, há 10 anos. "Além dos pacientes da terceira idade e suas complicações decorrentes dessa fase da vida, a musicoterapia também auxilia no combate a outros males como derrames cerebrais, epilepsia, mal de Alzheimer, Parkison, autismo, transtornos mentais, depressão e insônia."

O médico e músico Augusto Weber, diretor da Clínica e Centro de Estudos de Acupuntura do Paraná (Cesac), estudou musicoterapia em Londres e utiliza a música em seus tratamentos de acupuntura há 20 anos. "Infelizmente aqui no Brasil os médicos ainda não têm a mentalidade de unir os benefícios da música com a medicina tradicional e com isso perdem-se muitas possibilidades de melhora nos pacientes", afirma.

Ele explica que, além da audição, o som e suas vibrações também têm utilidade no tratamento. "A estimulação vibroacústica, feita nos pontos da acupuntura, tem inúmeros efeitos no corpo humano, como o alívio de dores, efeitos regenerativos, diminuição da ansiedade e do estresse."

Antídoto contra a solidão

Na terceira idade as pessoas tendem a se tornar mais solitárias e isoladas dentro de suas casas. Além de problemas psicológicos, esse comportamento pode levar ao surgimento de problemas de saúde ou agravar quadros já delibitados. A música ajuda a evitar o isolamento.

A doutora Rosimyriam Ribeiro dos Santos Cunha, professora de Musicoterapia da FAP, realizou uma pesquisa com mulheres que moram em Curitiba e têm mais de 70 anos. "Foi descoberto que música e rádio estão muito presentes no cotidiano desse público", conta. As idosas encontram no rádio um aliado para enfrentar a solidão. "Elas se atualizam escutando as notícias e buscam na música uma maneira de preencher o vazio existente pela falta de conversas e relacionamentos." Segundo ela, a musicoterapia contribui para que as pessoas idosas revivam momentos e entrem em contato com suas memórias.

Para o médico Augusto Weber, é preciso que o idoso seja incentivado a participar de atividades sociais e tenha a companhia de familiares e amigos. Quando essa atenção não pode ser tão constante quanto deveria, a musicoterapia pode ajudar. "Não se sabe até que ponto dor crônica pode ser falta de afeto. Mesmo mais velhas, as pessoas continuam precisando de carinho, do toque físico e das vibrações. Esses estímulos e a sensação de acolhimento também podem ser fornecidos pela música."

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Serviço

Centro de Atendimento de Musicoterapia da FAP (aberto ao público para atendimento gratuito), fone (41) 3250-7300.

Centro de Estudos de Acupuntura do Paraná (Cesac), fones (41) 3027-6120 e 328-59576.

Musicoterapeutas Carlos Antônio Doro, fone (41) 9976-3364 e Maria José Conrado da Silva (41) 3015-1007.

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