Brasília A Câmara dos Deputados elege hoje seu presidente para um mandato de dois anos. Disputam a vaga o atual presidente, Aldo Rebelo (PC do B-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR). Como há dois anos, quando sofreu sua pior derrota no Legislativo e perdeu o controle da Câmara, num processo de fragilização política que permeou a crise do mensalão, o governo Luiz Inácio Lula da Silva entra na disputa, hoje, com sua base parlamentar novamente dividida.
O confronto entre Aldo e Chinaglia poderá desencadear um tenso segundo turno entre eles e já deixa como seqüela uma fissura na alardeada "coalizão" que sustentará o governo Lula nos próximos quatro anos.
A disputa começou oficialmente no início do mês, mas se arrasta desde o fim do ano passado. Foi se tornando mais acirrada a cada dia, até provocar a divisão da base em dois grandes blocos partidários. A oposição fez o mesmo e montou seu bloco.
Gustavo Fruet concorre com o apoio de PSDB, PPS e do chamado "Grupo dos 30" frente de parlamentares com atuação independente de suas bancadas. Arlindo Chinaglia tem o apoio do bloco formado por oito partidos PMDB, PT, PP, PR (partido formada pelo PL mais Prona), PTB, PSC, PTC e PT do B , num total de 273 deputados. No entanto, há dissidências em legendas como o PMDB e o PP, o que não garante a Chinaglia todos os votos do bloco.
PSDB, PFL e PPS, somando 153 deputados, integram outro bloco. Os tucanos e o PPS apóiam Fruet, enquanto o PFL está com Aldo, que conta ainda com a força do terceiro bloco, formado por PSB, PDT, PC do B, PAN e PMN, com 68 parlamentares.
O vencedor da eleição de hoje será o 104.º a assumir a presidência da Câmara, o terceiro cargo mais importante na hierarquia da República. Caberá a ele administrar um orçamento anual de R$ 3,4 bilhões. A escolha entre Aldo, Chinaglia e Fruet também é marcada por inédita visibilidade. Nas últimas semanas, os candidatos participaram de dois debates. "Uma das vitórias dessa eleição já foi ter chamado a atenção da sociedade", avaliou Fruet.