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Na guerra contra o Aedes aegypti, indústria cria roupa infantil com citronela

 | Marcus Ayres/Especial para a Gazeta do Povo/
(Foto: Marcus Ayres/Especial para a Gazeta do Povo/)

Os crescentes casos de dengue e da febre chikungunya, além da relação entre o zika vírus e a microcefalia em recém-nascidos, têm deixado muitos pais apreensivos com o Aedes aegypti. Em meio à guerra contra o mosquito transmissor destas doenças, uma importante peça de defesa tem ganhando espaço no enxoval dos bebês. Trata-se de uma linha de roupas feitas com citronela, uma planta aromática que tem efeitos de repelente.

A peça vem sendo produzida desde julho do ano passado pela empresa GBaby, de Londrina. De acordo com a coordenadora de marketing do grupo, Karen Nishi, a ideia da linha Baby Protect vinha sendo trabalhada há mais de dois anos. “É um nicho de mercado que entendemos como muito importante. Até os seis meses, os bebês não podem usar repelentes. Então, criamos uma roupa que pode proteger eles dos insetos, inclusive, do Aedes aegypti.”

O projeto foi desenvolvido em parceria com uma empresa de Santa Catarina, que faz a produção das microcápsulas com óleo essencial de citronela. O nome desta indústria é mantido em sigilo e, pelo acordo, esse material é feito exclusivamente para a GBaby. As microcápsulas - que são 80 vezes menores do que um fio de cabelo - são inseridas nas fibras dos tecidos por meio de um fixador. Depois deste processo, o tecido é levado para Londrina, onde é feito o trabalho de corte, costura e despacho.

Atualmente, são produzidas cerca de 20 mil peças desta linha por mês, como bodies, camisetas, macacões, tocas, luvas, sapatinhos e mantas. “É uma linha voltada para o dia a dia do bebê”, explica Karen. A indústria abastece 2.500 pontos de venda em todos os estados do Brasil , entre estabelecimentos multimarcas e as 16 lojas do grupo. No Paraná, a empresa conta com unidades em Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

De acordo com a coordenadora de marketing, a procura pelos produtos desta linha cresceu muito desde o fim do ano passado. A principal demanda está na região Nordeste do país, que teve um aumento de 30% nos pedidos.

“Por conta do surto de zika vírus, a procura tem sido muito maior do que imaginávamos. Então, estamos estudando ampliar essa linha pra atender crianças maiores, além de produzir outras peças”, afirmou Karen. Entre os projetos analisados está o uso da nanotecnologia na confecção de roupas para gestantes.

Eficácia

De acordo com a Gbaby, a fragrância da citronela é liberada pela ruptura das microcápsulas que contém o óleo do repelente natural. O fabricante garante que a substância não altera as características do tecido, mantendo a eficácia do repelente entre 20 e 30 lavagens. A marca londrinense também informou que a durabilidade do produto foi atestada por laudos feitos por uma outra empresa.

“Existem muitas variáveis [com relação à durabilidade], como a temperatura da água, os produtos utilizados na lavagem das roupas. Mas como os bebês se desenvolvem muito rapidamente, a criança costuma perder a peça antes mesmo que a capacidade de proteção termine”, explicou Karen.

Por não ser um medicamento ou um cosmético, ela explicou que a linha de roupas com citronela não precisa de certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mesmo assim, ela garante que os conjuntos não geram problemas aos bebês porque a citronela está impregnada nas fibras do tecido. “A nanotecnologia tem essa capacidade de potencializarão do componente. As cápsulas são muito pequenas, mas extraem o princípio ativo da melhor maneira possível”, ressaltou.

Para o pediatra e homeopata Maurílio de Oliveira, não há como falar sobre a eficácia da roupa porque ele não tem informações técnicas sobre o produto. Contudo, ele reconhece a eficiência da citronela como repelente natural, embora ela tenha uma durabilidade menor se comparada a outros produtos. “Ela é mais volátil, ajuda a repelir, mas o tempo de ação é menor do que de outros repelentes. Então, teoricamente, teríamos que usar mais vezes”, explicou.

A farmacêutica Lucimara Bertoli lembrou que o uso da nanotecnologia com filtros solares já tem efetividade comprovada. Por isso, ela acredita que existe a possibilidade de eficiência nas roupas feitas com citronela. “Nós exalamos dióxido de carbono, que é o que atrai alguns insetos. A citronela mascara esse cheiro e engana o mosquito.”

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