O VIAJANTE
Adair Sousa Nunes, o “Kaju”, cabeleireiro, estudioso da cultura italiana.
Mora no Pilarzinho, trabalha na Galeria Tijucas, Centro de Curitiba, e costuma ir a Santa Felicidade, onde participa de jantares e apresentações de um grupo de canto.
DESTINO
Rua Theodoro Mikaolka e adjacências, como a Igreja de Santa Cândida.
DISTÂNCIA PERCORRIDA – 7 quilômetros.
POR QUE CONHECER?
O Santa Cândida foi tradicionalmente ocupado por poloneses e ucranianos. Alguns imóveis do bairro mantiveram traços da arquitetura de imigração. Para os católicos, há uma igreja de 1936, quase um mirante da cidade. A região abriga também um dos maiores centros de umbanda do país.
Intermináveis para quem está só de passagem, os quase cinco quilômetros da Rua Theodoro Makiolka contam um pouco da história da migração polonesa e ucraniana em Curitiba. A via que corta o bairro começa ao lado da Paróquia Santa Cândida, fundada em 1936 pelo padre João Wislinski, e também abriga a capelinha São Roque, um raro oratório de rua. Casas com a arquitetura de madeira da imigração já não são pródigas na região. Deram lugar a condomínios fechados. Mas ainda é possível encontrá-las, resistentes, em meio às chácaras. Esse cenário, porém, passou despercebido pelo gaúcho Adair Sousa Nunes, 67, o Kaju. O cabeleireiro – sujeito alinhado e famoso na Boca Maldita – tinha ouvido histórias do “bairro mais polaco da cidade”, mas nunca tinha fincado os pés por lá.
Kaju vive há mais de 30 anos em Curitiba, os últimos dez no Pilarzinho – a 15 minutos do roteiro proposto pela Gazeta do Povo. “É impressionante. Nunca parei aqui. A igreja é tão linda que o encontro com Deus aqui fica mais fácil”, filosofa. O bairro, tido como um dos mais católicos da cidade, também abriga um dos maiores centros espíritas do país, o Pai Maneco, na Estrada Nova de Colombo. Além do encontro com o sagrado, o Santa Cândida também permite aos seus visitantes encontrar o passado.
Durante a visita , Kaju conheceu a alemã Eugênia Vicentini, 68, filha de ucranianos e que vive em uma casa que guarda resquícios do tempo da colônia. Nascida no Distrito de Hardenberg, ela chegou a Curitiba 55 anos atrás, salva dos horrores da Segunda Guerra. “Meu pai atuou na Cruz Vermelha, mas tínhamos de procurar um lugar para viver.” No início, a família ocupou o bairro com atividades hortifrutigranjeiras. Hoje, cuida de uma distribuidora de água. Foi uma surpresa o encontro da sobrevivente e de um forasteiro, como se diz. No Santa Cândida, isso é possível. (RM)
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