Porto Alegre O comandante aposentado Milton Comerlato comemorou 72 anos em seu apartamento de Porto Alegre no mesmo dia em que soube da intervenção no Aerus, fundo de pensão dos funcionários da Varig. A alegria de ver a família reunida foi encoberta pela tensão de não saber o que acontecerá com o fundo que garante sua aposentadoria. Sem ele, terá de viver com os R$ 1.700 que ganha da previdência oficial.
"Estou amargurado e triste. Nunca pensei que uma crise como esta iria ocorrer. Na minha época, era mais difícil sair do que entrar na Varig. Se alguém pedia para sair, o velho Ruben Berta chamava a pessoa e queria saber por que pretendia sair. Era difícil", lembra.
A crise da Varig, aliás, acertou em cheio a família do comandante Comerlato: apenas sua mulher não trabalhou na empresa. O filho Gian Carlo, de 40 anos, é comandante de vôos internacionais. As filhas Karla, de 42 anos, e Karina, de 28 anos, são comissárias de vôos nacionais. Karina é casada com Felipe Pletsch, que é co-piloto de linhas internacionais. O filho Gian Carlo também formou família dentro da Varig. Sua esposa foi comissária até o início do ano, quando optou pelo plano de demissão voluntária.
O comandante perdeu ainda uma filha, Mariane, na queda de um avião da Varig na Costa do Marfim, em 1986, quando ela fazia seu primeiro vôo internacional. Na época, Comerlato era diretor de Operações da empresa e coube a ele presidir o inquérito que apurou as causas do acidente.