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Você costuma acordar cansado mesmo depois de oito horas bem dormidas? Sente uma angústia profunda toda vez que uma nova tarefa lhe é atribuída? Ou ainda tem rotineiras dores de cabeça e de estômago, e o coração parece lhe saltar à boca sempre que as horas demoram a passar e você tem algo importante (ou talvez nem tanto) a fazer?

Esses são apenas alguns dos sintomas do estresse, mal do mundo moderno que afeta 32% da população adulta brasileira, de acordo com o Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS), de São Paulo. Embora não seja uma doença, o estresse enfraquece paulatinamente o organismo, provoca efeitos físicos e psicológicos perturbadores, e facilita o surgimento de úlceras, depressão e doenças cardiovasculares. Pode causar até morte súbita caso nada seja feito a tempo.

Taquicardia, irritabilidade, dificuldades de concentração e memória, e sensação de esgotamento são outros sinais comuns do problema. O drama do pai de 35 anos que perdeu o filho de um ano e três meses depois de esquecê-lo dentro do carro e ir trabalhar, em São Paulo, na semana passada, é um exemplo de quanto o estresse crônico pode afetar a qualidade de vida de uma pessoa. No caso dele, a seqüela ficará para sempre.

Um duro golpe em um homem, considerado um excelente pai pela mulher e a família, que nas últimas semanas tinha crises de choro à noite e confusão mental. Nesse caso, os sinais que o corpo emitiu não foram suficientes para alertá-lo antes que o lapso de memória – causado pela mudança na rotina, quando deixou a esposa na estação de metrô antes do bebê no maternal – transformasse a sua vida em uma tragédia.

Desafio

Segundo a psicóloga Marilda Lipp, professora da PUC de Campinas e autora de oito livros sobre o assunto, o estresse geralmente ocorre quando uma pessoa se vê diante de um novo desafio ou situação que exige uma adaptação. "Todos nós entramos constantemente nessas fases de estresse, não tem nada de grave", diz. "É um estado de alerta para o perigo iminente, portanto uma coisa normal. O organismo que não entra em estresse não sobrevive", concorda Wanderlei Madruga, chefe do setor de psiquiatria do Hospital de Clínicas e professor da UFPR.

Em momento de tensão, o corpo libera adrenalina em grande quantidade para injetar uma dose extra de energia à pessoa que se vê diante de uma situação que exige força e vigor. O problema é quando o estresse demora a passar e se torna crônico. "Viver o tempo todo estressado causa um desgaste muito grande", afirma Madruga.

Segundo o cardiologista Dalton Précoma, professor da PUCPR, o estresse quase sempre está associado à tentativa de controle do tempo. Por isso, há uma associação freqüente do estresse com filas de banco e supermercado, e congestionamentos de trânsito. "A perda de tempo virou um problema e na realidade as pessoas estão gerindo o seu tempo de uma forma inadequada, se desorganizando", afirma.

Na visão dos especialistas, a solução para não padecer do estresse crônico e aprender a controlar as fontes estressantes passa por uma simples mudança de hábitos. "A vida não é só trabalho. A pessoa tem que dedicar tempo à família, praticar exercício físico e ter opções de lazer. Quem não tem tempo para relaxar entra com facilidade em estresse", explica. Em casos mais graves, o primeiro passo é procurar um médico rapidamente.

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