O maranhense Luís Almeida Tavares, 56 anos, geógrafo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Curitiba, está para concluir, na USP, a tese de doutorado O campesinato e os faxinais do Paraná. É uma pesquisa inédita, já que mapeia faxinais ativos, desativados e semi-desativados.
Tavares mapeou os 26 municípios da região metropolitana de Curitiba (RMC), além de cidades próximas, como Rio Negro. Os problemas são graves, diz, pois envolvem grilagem e terras devolutas. Estima-se que cerca de 10 mil hectares de terras faxinalenses pertençam ao estado, uma realidade que assombra as 16 comunidades e 620 famílias da RMC.
Somados faxinais paralisados, como os de Agudos (3 faxinais), Piên (3), e Mandirituba (8) e os semiparalisados Quitandinha (5), Mandirituba (2), o número de famílias envolvidas no drama faxinalense pode duplicar. Somente na região de Doce Grande, em Quitandinha, são 700 famílias faxinalenses desativadas.
"São conflitos que se acentuam diante de um grupo que não trabalha com o conceito de propriedade da terra. Para eles, os limites são imaginários. Uma pena. Pois o que se perde a cada dia é a capacidade dessas comunidades manterem o meio ambiente. Algumas estão virando bairro rural", comenta.
Tavares lembra que os faxinais têm diferentes raízes européias, além de caboclas. Portugueses e espanhóis, por exemplo, cultivavam o sistema dos "baldios" um modelo feudal em que a terra era utilizada por comunidades inteiras. Imigrantes poloneses e ucranianos também adotavam o sistema coletivo o que explica a incidência de faxinais no Centro e Centro-Sul do estado, onde a presença eslava é marcante.
Segundo Tavares, o uso comum da terra encontra nomes diferentes Brasil afora. Pode ser terra do índio e terra do preto, ou fundo de pasto e terra de santos.