Acreditar em um futuro melhor não é, nem nunca será, privilégio dos brasileiros – países das mais diversas regiões, como Jamaica, Panamá e Emirados Árabes possuem índices de felicidade futura (IFF) semelhantes aos do Brasil. Porém ser apenas otimista não garante que o cenário positivo vá se concretizar, seja dentro de casa ou no mundo como um todo. O alerta é da coordenadora do curso de Relações Inter­na­cionais do UniCuritiba, Angela Moreira. "O otimismo quanto ao futuro está ligado à prosperidade econômica, devido a essa euforia que o Brasil vive", analisa. "Mas não vemos, por exemplo, as pessoas preocupadas ou mobilizadas para solucionar problemas ambientais, lutar pelos direitos humanos ou combater a corrupção."

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O "puxão de orelha" encontra respaldo na opinião do economista Marcelo Cortes Neri, coordenador da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para Neri, o estudo ajuda a entender traços de personalidade dos brasileiros, que não são, necessariamente, qualidades. "O brasileiro é um ser individualista. Quando você pergunta sobre a satisfação na vida dele, ele dá uma nota alta, mas, quando questionado sobre o país, dá uma nota bem menor."

Mesmo com uma suposta indiferença da população quanto a problemas comuns, há quem acredite que é possível unir o brasileiro em torno da causa do desenvolvimento. A coordenadora do Movimento Nós Podemos Paraná, Maria Aparecida Zago Udenal, faz parte deste grupo, otimista não em relação ao futuro, mas quanto ao presente. Há pelo menos cinco anos ela e mais cerca de 50 mil pessoas atuam para que os paranaenses atinjam os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos em 2000 pela ONU. "Vemos hoje muitos jovens preocupados, se engajando em projetos sociais, procurando fazer a sua parte. A conscientização da sociedade como um todo ainda não está no nível ideal, mas está aumentando", afirma Maria Aparecida.

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Os objetivos focam questões de interesse mundial, como pobreza, mortalidade infantil e acesso à educação, com uma série de metas a serem cumpridas por 191 países até 2015.