Margarida Pressburguer, representante da ONU para a Prevenção à Tortura, cobrou do poder público punição exemplar aos 33 homens acusados de estuprar a jovem de 16 anos no Rio. Em entrevista ao telejornal Bom Dia Rio, da TV Globo, ela chamou de desumano o caso que ocorreu em uma comunidade da Zona Oeste do Rio. “Isso que aconteceu foi desumano. Voltamos a era das cavernas e, talvez, nem lá acontecesse isso”, disse Margarida, que acrescentou:
“A nossa sociedade infelizmente ainda é totalmente machista. Avalia a mulher pelo modo que ela se veste, e o homem com a necessidade de se mostrar machão. O Brasil tem uma posição de civilização que se iguala à Bélgica, mas estamos tendo uma atitude de Índia. Essa adolescente pode ser quase comparara à Malala (jovem paquistanesa que luta pelos direitos de educação das mulheres).
Margarida ainda defendeu o fim da cultura do estupro: “Essa mentalidade, essa cultura de que a mulher provoca o homem, não pode existir mais. Não é a mulher que tem que se resguardar. É e o homem que tem que ser educado para respeitar a mulher, sua mãe, sua irmã e todas as mulheres”.
A representante da ONU critica ainda a falta de assistência do estado às vítimas de estupro, e lembra que os Centros de Atendimento às Mulheres estão funcionando de forma precária.
Na quinta-feira, o Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres Brasil divulgou uma nota se solidarizando com a adolescente e com uma outra vítima de estupro coletivo, no Piauí:
A ONU Mulheres solicita aos poderes públicos dos estados do Rio de Janeiro e do Piauí que seja incorporada a perspectiva de gênero na investigação, processo e julgamento de tais casos, para acesso à justiça e reparação às vítimas, evitando a sua revitimização.(...) A ONU Mulheres reforça a necessidade de garantia e fortalecimento da rede de atendimento a mulheres em situação de violência e de órgãos de políticas para as mulheres e profissionais especializadas e especializados em gênero em todas as esferas governamentais, para o pleno atendimento às vítimas, primando pelo cumprimento de protocolos, pela celeridade e pela humanização nos procedimentos de saúde, psicossocial e justiça em todas as etapas do atendimento às vítimas e seus familiares, assim como a rigorosa punição dos agressores.