Confira uma entrevista com Fabrício Hito, ex-interventor do Hospital Evangélico, que deixou o cargo no começo do mês de setembro.
O que foi feito para que o Evangélico conseguisse chegar a 100% do contratualizado com o SUS em março?
Começamos a priorizar pagamentos dos colaboradores, os acordos trabalhistas e os tributos. Assim, ganhando voto de credibilidade, principalmente dos funcionários e dos médicos, conseguimos fazer com que o hospital interrompesse algumas situações de fechamento de serviços e retomamos a produção. Com essa retomada, a gente tem mais recursos e, por consequência, consegue trabalhar mais. Mas, claro, não é simplesmente retomar a produção, é preciso retomar a produção e cortar despesas.
Nesses cortes, o que tem sido o foco?
Temos feito um trabalho de reorganização da área de recursos humanos. Isso não significa redução de pessoal. Existem outras formas de trabalhar, reestruturando as áreas. Estamos reduzindo também contratos de locações e de prestadores de serviços. Além disso, resgatando credibilidade, passamos a renegociar e a fazer economias na parte de suprimentos do hospital.
Os escândalos protagonizados pelo Evangélico no passado prejudicaram o hospital?
Houve uma queda importante no faturamento de convênios privados e é lógico que toda essa exposição na mídia gera desconfiança. Justamente aí que a gente vem trabalhando, tentando resgatar essa credibilidade. Mesmo porque hoje, sem dúvida, o nosso corpo clínico não deixa a desejar a nenhum outro serviço de saúde do país. A partir desse alicerce, que é um corpo clínico qualificado, a gente vem tentando mostrar para a população, para esses clientes em potencial, que o hospital mudou.
Qual a importância do corpo clínico para o hospital nesse momento de crise?
Se não fosse o nosso corpo clínico, o hospital já teria fechado. Ele foi de fundamental importância, e continua sendo, o principal ator nesse processo de intervenção. Mesmo os médicos com atrasos nos pagamentos dos seus honorários continuam firmes e cumprindo o juramento que todos os médicos fazem.