São Paulo Um Airbus A-320 da TAM com 176 pessoas a bordo não conseguiu pousar na pista principal do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tentou arremeter, atravessou a Avenida Washington Luís e bateu às 18h45 de ontem entre o primeiro e o segundo andar de um prédio. O avião explodiu e o incêndio tomou conta do prédio, um depósito de cargas da TAM, e de um posto de gasolina vizinho. Pelo menos 30 pessoas estavam no depósito e no posto de gasolina. O número de mortos pode chegar a 200 pessoas. Não havia notícias de sobreviventes até o fechamento desta edição.
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), visitou o local do acidente. Em entrevista à imprensa, Serra disse que a chance de encontrar algum sobrevivente entre os passageiros "infelizmente é quase nula". As equipes de resgate relataram ao governador que a temperatura nos destroços do avião ultrapassou mil graus e os corpos provavelmente estão carbonizados. O comando do Corpo de Bombeiros havia confirmado a morte de 25 pessoas até as 23h47 de ontem.
Serra contou ainda que a última coisa que o piloto disse para a torre de controle foi "vira, vira, vira". "Ele estava muito veloz para ter pulado a avenida sem bater nos postes. Ele quase caiu em cima da casa", disse Serra. "A parte visível do avião se desfez com o incêndio e com o choque".
Anunciada
O maior acidente da história da aviação brasileira foi uma tragédia anunciada, dizem especialistas em segurança de vôo.
O vôo JJ 3054 saiu de Porto Alegre às 17h16. Chovia e havia água na pista de Congonhas. Cinco minutos antes da chegada do Airbus, a Torre de Controle de Congonhas pediu à Infraero que medisse a lâmina dágua na pista. Recebeu a informação de que ela "estava operacional", o que a manteve aberta.
O Airbus aproximou-se do aeroporto sobrevoando o bairro Jabaquara em direção a Moema. Devia descer na pista principal. Estava lotado de passageiros e não conseguiu parar. Não há marcas de pneu na pista ou na grama ao redor, o que indica que o piloto não conseguiu frear. O piloto tentou arremeter, mas a força que ele conseguiu extrair do motor foi insuficiente para o Airbus decolar. "A velocidade era em excesso para parar e insuficiente para decolar", disse um oficial da Aeronáutica.
Holofotes
O Corpo de Bombeiros mobilizou 150 homens e 50 viaturas de todos quartéis da cidade e dois helicópteros para controlar o fogo, resgatar os feridos e o recolher os mortos. Holofotes foram instalados no local após a Eletropaulo cortar o fornecimento de energia elétrica na região. Segundo a empresa, a eletricidade foi cortada por motivo de segurança. A área do aeroporto foi isolada pela Polícia Militar e Congonhas foi fechado.
O choque provocou um incêndio de grandes proporções envolvendo o avião e o prédio e um posto de gasolina que fica ao lado. Ruas da região foram interditadas. Casas e imóveis comerciais foram desocupadas por causa do fogo.
Mesmo assim, a TAM continuava vendendo passagens para vôo que sairia às 7 horas de hoje de Congonhas.
Fechado
O governador paulista disse que há possibilidade de que a Infraero feche o Aeroporto de Congonhas durante as investigações da causa do acidente.
Serviço A TAM colocou a disposição de familiares dos passageiros o telefone 0800 117900.