Os relatos sobre a morte do policial da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Patrick Bastos Reis, de 30 anos – ocorrida no Guarujá, litoral de São Paulo, na sexta-feira (28) – tiveram o impacto de narrativas criadas pelo próprio crime organizado.
As ações policiais que se seguiram ao assassinato foram criticadas por políticos e formadores de opinião de esquerda, especialmente após a morte de criminosos em trocas de tiro com a polícia. A narrativa de que a reação foi "desproporcional" se disseminou em meios de comunicação e nas redes sociais.
Alguns elementos dessa narrativa, contudo, foram suscitados pelo próprio crime organizado.
Na segunda-feira, o site Metrópoles revelou um áudio vazado em que o advogado de Erickson David da Silva, de 28 anos – suspeito que se entregou à polícia –, orienta seu cliente na gravação de um vídeo para as redes sociais antes de se entregar. O plano de criar uma narrativa contra o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, fica evidente.
"Fala que você está se entregando de coração, para que acabe todo esse massacre que está acontecendo no Guarujá, essa covardia com pai de família dentro de comunidade. E que então, para acabar, ele está se entregando", diz o advogado no áudio publicado pelo Metrópoles. "Cita o nome do governador Tarcísio e vai para cima. Filma o rosto dele e dispara esse vídeo aí", complementa.
No vídeo, Erickson segue as orientações e diz: "Meu nome é Erickson David, o ‘Deivinho’. Eu quero falar para o Tarcísio e para o Derrite parar de fazer a matança aí, matando uma ‘pá’ de gente inocente, querendo pegar minha família, sendo que eu não tenho nada a ver. É o seguinte, vou me entregar, que eu não tenho nada a ver, e é isso aí."
Além de tentar manipular a opinião pública com a gravação do vídeo, o crime organizado também pode ter plantado fatos mentirosos para ajudar a dar ares de violação de direitos humanos à reação da polícia.
Alguns relatos sobre a operação policial – reproduzidos por meios de comunicação – falam que teria havido tortura de um dos criminosos mortos pela PM. Nada disso ficou comprovado até o momento.
Para o deputado estadual Capitão Telhada (PP-SP), que já foi membro da Rota, é preciso cautela com esse tipo de versão dos fatos. Ele explica que, muitas vezes, a narrativa disseminada pela militância ideológica sobre os confrontos entre policiais e criminosos é criada por advogados do tráfico e pelos próprios traficantes, em parceria com moradores das comunidades envolvidos com os criminosos em diferentes graus.
Segundo Telhada, denúncias de tortura aparecem com frequência após casos midiáticos, muitas vezes estimuladas pelo próprio crime organizado.
"Isso é coisa que a gente vê desde os anos 1970, com um direcionamento sugerido por advogados do crime ou até pelo próprio crime organizado, que usa pessoas que têm relacionamento com o crime e são constrangidas, convencidas ou pagas para dar testemunhos falsos. Não tive acesso os autos deste caso específico a fundo, mas essa prática já é muito conhecida. Na maioria das vezes, são testemunhos fraudados que só têm o objetivo de colocar dúvidas sobre a ação policial, acusando policiais de crimes, de tortura", comenta.
"Já vi uma ocorrência, por exemplo, em que falavam que a equipe da Rota tinha ajoelhado o bandido e dado um tiro na nuca dele. Quando foi feita a análise do corpo, ele tinha um tiro na barriga e um tiro no peito. São testemunhos infundados, usados para criar uma narrativa para políticos, ouvidorias e órgãos de direitos humanos enviesados na questão política, com o objetivo de travar a ação policial", complementa.
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