O aparelho reprodutor masculino sofre danos com o envelhecimento, ainda que em menor escala do que o da mulher. A fertilidade do homem pode ser afetada pela idade, com a queda da produção de espermatozóides, que também pode ser provocada por doenças como diabetes, arteriosclerose e hipertensão. Abuso de álcool, tabaco, alimentação errada e exposição frequente a radiações também alteram a qualidade do gameta masculino.
Eliminados os fatores de risco, o homem pode gerar filhos em idade avançada. Com o aumento dos casamentos na terceira idade 165% a mais na comparação entre 1990 e 2006, entre os homens maiores de 60 anos, de acordo com o IBGE , é comum pacientes procurarem consultórios médicos em busca de ajuda. Além da inseminação artificial, a reversão da vasectomia, cirurgia que impede que o espermatozóide chegue ao sêmen e fertilize o óvulo, é um procedimento cada vez mais solicitado. "Em 80% dos casos a reversão é feita com sucesso. Em geral, são homens de 50 anos, que tiveram filhos no primeiro casamento e estão constituindo novas famílias", explica o médico urologista Fernando Lorenzini, de Curitiba.
O técnico eletrônico Ronaldo Machado Cristino, de 52 anos, está em plena fase de encantamento com o resultado da reversão da vasectomia. Gabriel vai completar 30 dias na próxima semana. O menino é a coroação da relação de 18 anos com Marialda do Prado Cristino, de 43 anos. O casal tentou inseminação artificial por duas vezes e só optou pela reversão da vasectomia há um ano, quando iam para a terceira tentativa de fertilização in vitro. "Decidimos que teria de ser natural. E deu certo", comemora.
A operação de Ronaldo é uma raridade médica. Cirurgias de reversão são mais frequentes com até 12 anos da realização da esterilização. A dele foi feita há 24 anos. "Não há registros de uma reversão bem sucedida tanto tempo depois de uma vasectomia", explica Lorenzini.
Ambos têm filhos dos primeiros casamentos. Ronaldo é pai de dois rapazes, de 32 e 27 anos. E ainda ajudou a criar o filho de Marialda, hoje com 20 anos, logo depois que ela se separou do primeiro marido. Longe de ser uma novidade para ambos, Gabriel é a realização de um sonho. "Estou mais seguro para educar um filho. Hoje tenho também o apoio da minha religião e pretendo ensiná-lo a respeitar os pais e os mais velhos", diz. Marialda está curiosa sobre o comportamento de ambos. "Sempre fui mãe durona, e ele, mais paizão. Quero ver quem vai amolecer", brinca.