Presos pedem muro para separar facções
Desde a manhã, vários supostos presos disseram falar de dentro da cadeia, por meio de celulares, com familiares do lado de fora e com a imprensa. Em nenhum caso foi possível confirmar se o interlocutor estava mesmo dentro do presídio. Um deles concedeu entrevista aos repórteres do lado de fora se dizendo o líder da rebelião.
Algumas informações repassadas por esse preso foram confirmadas pela Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju). Conforme a pasta, os presos pediram que seja construído um muro para dividir a PEP II ao meio, de um lado com os presos que pertencem a uma facção criminosa - que seria o Primeiro Comando da Capital (PCC) - e de outro com os que não fazem parte desse grupo (rebelados fazem parte desse último grupo). A Seju já descartou qualquer possibilidade de fazer o muro. Apesar disso, a reportagem apurou que o governo do estado está providenciando chapas de aço para reforçar as paredes de alvenaria que dividem as galerias.
Revoltas anunciadas
Uma carta de presos obtida pela Gazeta do Povo no fim do mês passado já anunciava a possibilidade de uma rebelião na PEP II. No documento, os detentos diziam qual temer uma nova rebelião comandada por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e que teria como objetivo melhorar as condições do presídio. Leia matéria completa.
Richa diz ser "muita coincidência" rebeliões em ano eleitoral; opositores criticam
Ao lado do apresentador Ratinho e do candidato a deputado estadual Ratinho Jr. (PSC), o governador Beto Richa (PSDB) percorreu bairros de Curitiba e da região metropolitana na manhã deste sábado, enquanto acontecia a 20ª rebelião em penitenciárias do estado dos últimos 10 meses. Leia matéria completa.
Sindarspen fará assembleia geral na manhã desta quarta-feira
O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) fará uma Assembleia Geral Extraordinária nesta quarta-feira (17), às 8h30 da manhã, em frente ao Palácio Iguaçu. De acordo com o presidente do sindicato, Antony Johnson, a categoria pode entrar em greve em todo o Paraná se o governo não atender as exigências.
Os mais de 3 mil agentes penitenciários do estado reivindicam mais segurança dentro das unidades penais, que estão se rebelando com muita frequência nos últimos meses. "Não tem mais como sustentar essa situação. Precisamos que a Seju [Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos], tome providências, como contratação de novos servidores penais e o fim da superlotação", explica Johnson.
As negociações com os cerca de 60 presos rebelados de um bloco da Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), região metropolitana de Curitiba, foram suspensas na noite desta terça-feira (16). A Polícia Militar (PM), que conduz os diálogos, confirmou a informação, assim como o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen). Até às 21 horas, não havia informações sobre feridos na cadeia onde um motim ocorre desde as 7h45 da manhã desta terça-feira (16).
Durante a tarde de terça, a Polícia Militar (PM) e a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) confirmaram que o principal motivo do motim é o medo que os presos rebelados têm de detentos de uma facção rival. Ao longo das conversas, os amotinados chegaram a pedir a construção de um muro para dividir a PEP II ao meio.
A reportagem da Gazeta do Povo apurou que dentro do presídio ocorre uma troca constante de ameaças entre detentos da PEP II. O motim desta terça-feira (16) tem ligação com o último ocorrido entre sexta-feira (12) e sábado (13). No fim de semana, os presos rebelados ameaçaram integrantes de uma facção criminosa paulista. Esses detentos formam um grupo de oposição à facção. Após as transferências ocorridas no sábado, integrantes da facção paulista - que domina os presídios - revidaram as ameaças de forma ostensiva. Com medo, o grupo que ficou naquela galeria voltou a se rebelar pedindo mais segurança.
Outros pontos de reivindicações dos presos envolvem melhorias dentro da penitenciária. Eles reclamam de falta de colchões e de alimentação de má qualidade. Os apenados ainda reclamam de supostas humilhações pelas quais passam os parentes deles nos horários de visitas, em especial durante revistas dos parentes. Veja fotos da rebelião na PEP 2
Confira outras rebeliões do ano no Paraná
O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) informou que o movimento ocorre no terceiro bloco da penitenciária, o mesmo onde aconteceu a última rebelião na unidade, na sexta-feira (12) e que durou até a tarde de sábado (13). Desta vez, o motim, que toma conta das galerias 9 e 10, começou na hora da entrega do café da manhã, na 9ª galeria. Os presos conseguiram abrir algumas das celas e detiveram os agentes quando esses entraram para entregar as refeições.
O major Adonis Nobor Furuushi disse que a demora para fechar um acordo que culmine com o fim da rebelião ocorre porque há alguns pontos de reivindicações dos presos que não podem ser atendidos de imediato. Os negociadores estão fazendo outras propostas, que, segundo o major, não podem ser detalhadas para não atrapalhar nas negociações. "Existe a possibilidade de a rebelião terminar ainda hoje (terça-feira), mas também pode ser que a situação de crise se prolongue", diz.
Segundo o major, são 63 rebelados dentro da PEP II, onde estão negociando integrantes da PM, Polícia Civil, Seju e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Furuushi relatou que três presos rebelados passaram mal no final da tarde. Eles tiveram que ser retirados do bloco e levados para o centro de triagem da penitenciária para serem atendidos.
O major diz que os motivos da rebelião pequenas questões administrativas e alguns pontos com relação à segurança deles. "Está todo mundo se esforçando para o desfecho das rebeliões, tanto presos quanto envolvidos nas negociações", disse antes de confirmar que no presídio já existe a divisão entre os presos do PCC e os presos que não integram a facção, que são os rebelados.
Sobre a questão dos colchões dos presos, o major diz que está sendo feito esforço para que eles tenham tratamento mais digno dentro da penitenciária.
Monitoramento
Um dos caminhões utilizados pela Polícia Militar do Paraná para garantir a segurança de Curitiba durante a Copa do Mundo foi deslocado para a PEP II. A tecnologia implantada no interior do veículo será usada para monitorar em vídeo a situação da penitenciária, que, conforme a PM, está totalmente cercada. O Batalhão de Choque chegou ao local por volta do meio-dia, mas entrou no complexo penitenciário e não especificamente na PEP II.
Rebeliões e tentativas de terminar com motins
A última rebelião na PEP II foi há quatro dias. Na última sexta-feira, cerca de 160 presos rebelados, também pertencentes ao bloco 3 da penitenciária, fizeram nove reféns: dois agentes penitenciários e sete presos, todos liberados sem ferimentos. Não houve mortos e nem feridos nesta rebelião, que durou 25 horas.
A insurreição desta terça-feira (16) acontece um dia depois do fim da reunião promovida pelo governo do estado para tentar acabar com as rebeliões no sistema penitenciário do Paraná. Por motivos de segurança, a secretaria decidiu não revelar as medidas que serão adotadas e informou que as ações só serão anunciadas nas próximas semanas, depois de implantadas.
No sábado (13), o governador Beto Richa (PSDB) disse estar "muito preocupado" com os conflitos e insinuou que é "muita coincidência" que as rebeliões estejam acontecendo em ano eleitoral. "Estamos tentando encontrar uma razão para essas rebeliões em série. Isso não é coincidência. É coisa programada", afirmou.
Superlotação
Com 1.108 vagas, a PEP II tem atualmente 1.037 detentos, segundo sistema de contagem da Seju. Apesar de os números não apresentarem superlotação, o Sindarspen afirma que esta é mais uma unidade que sofre com falta de vagas.
Conforme o sindicato, a capacidade inicial da penitenciária era de 960 vagas e, quantidade que foi aumentada com a publicação de uma resolução em 2013. "Uma verdadeira irresponsabilidade. Sem ter estrutura nenhuma para receber essa quantidade de presos que foram aumentadas. Logicamente que assim fica fácil defender que não há superlotação", contestou o presidente do Sindarspen, Antony Johnson, por meio de nota encaminhada à imprensa.
Questionada sobre o fato, a Seju reiterou que a PEP II não apresenta problemas de superlotação. De acordo com a secretaria, não foram feitas readequações nas celas comuns que já possuíam mais de um preso, e sim nas celas de isolamento, onde apenas uma pessoa fica detida. Alguns destes espaços foram readaptados para funcionarem como celas comuns, permitindo a ampliação no quadro de vagas. O órgão não soube informar quantas celas de isolamento foram reestruturadas, mas disse que ainda há celas solitárias na unidade. 20º caso do ano
O motim na PEP II iniciado nesta manhã é o 20º caso do ano nas penitenciárias do Paraná. A revolta mais violenta ocorreu no fim do mês passado, na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), que terminou depois de 45 horas, com cinco presos mortos, e também registro de feridos e desaparecidos. Na maioria dos casos, a reivindicação envolvia pedidos de transferências e melhores condições para os presos.
Veja quais foram as rebeliões do ano:
5 de janeiro de 2014 - Dezoito presos se amotinaram na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara. Durante uma hora eles negociaram transferência para o interior do estado. Um agente foi mantido refém pelos presos.
09 de janeiro de 2014 - Um agente penitenciário foi mantido refém por presos da Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba. Os presos pediam transferência para penitenciárias de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná.
15 de janeiro de 2014 - Após três horas de motim, presas do Centro de Regime Semiaberto Feminino (Craf) de Curitiba libertaram duas agentes penitenciárias que foram feitas reféns. As detentas pediam melhorias em higiene e limpeza, além de tratamento semelhante ao que ocorre na Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara.
16 de janeiro de 2014 - Um agente penitenciário foi mantido refém durante 16 horas na PCE, em Piraquara. Os presos pediam transferências para Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu.
10 de fevereiro de 2014 - Vinte e quatro presos, que pediam transferência para outros presídios do estado, mantiveram um agente penitenciário como refém na PEP II. O agente foi libertado após cinco horas de negociações.
06 de março de 2014 - Presos que reivindicavam transferências para Londrina e Francisco Beltrão mantiveram por 15 horas dois agentes penitenciários como reféns na PEP I. As negociações duraram poucas horas, mas os presos se recusaram a viajar de noite, o que fez com que o motim terminasse somente após 15 horas.
10 de março de 2014 - Na PEP II, durante quatro horas um agente penitenciário ficou nas mãos de seis presos que pediam transferências para Guarapuava. Os presos foram transferidos e o agente liberado após negociação.
19 de março de 2014 - Dois agentes carcerários que escoltavam presos foram dominados pelos detentos na PEP I. Os presos libertaram os agentes após conseguirem transferência para cidades de origem. Foram 15 horas de negociação.
19 de março de 2014 - Também na PEP I, durante uma hora um agente foi dominado por presos que pediram transferência para Maringá, no Noroeste do Paraná.
16 de abril de 2014 - No Presídio Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, foram oito horas de negociação até que os detentos libertaram um agente penitenciário. Os motivos da rebelião não foram informados, mas o presídio sofre com falta de vagas.
01 de maio de 2014 - Em Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, presos da Cadeia Pública do município se rebelaram e pediram transferência. Alguns deles foram colocados em liberdade, pois já haviam cumprido pena.
14 de julho de 2014 - Três agentes carcerários foram feitos reféns na cadeia pública de Telêmaco Borba. O motim durou cerca de 17 horas. Antes do motim, houve tentativa de fuga.
17 de julho de 2014 - Por 16 horas, presos da PEP II realizaram um motim. Quatro presos pediam transferência para Londrina. Um agente na penitenciária foi mantido sob domínio dos presos.
22 de julho de 2014 - Quatro presos se rebelaram e mantiveram um agente refém na PCE. Eles pediam transferência para outras unidades prisionais do Complexo Penitenciário de Piraquara (CCP).
22 de julho de 2014 - Na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu I (PEF I), no Oeste do Paraná, dois agentes foram mantidos sob domínio de dezesseis presos por seis horas. A exigência também era de transferência para outras unidades prisionais do estado.
24 de agosto - Na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), dois agentes penitenciários foram mantidos reféns por cerca de 45 horas. Cinco pessoas morreram no motim e outras 25 ficaram feridas no motim mais violento do Paraná dos últimos quatro anos.
9 de setembro - três agentes penitenciários foram mantidos como reféns por um grupo de 14 presos na cadeia pública de Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná. Os detidos concordaram em liberar os funcionários da prisão depois de acertar a transferência de 74 presos para outras penitenciárias do estado. O motim terminou sem feridos nem mortos.
10 de setembro - 77 presos foram transferidos da Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PECO), no Noroeste do Paraná, depois de um motim de 18 horas. Foram 13 reféns, sendo 12 presos e um agente penitenciário.
12 de setembro - presos do bloco 3 da Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, mantiveram dois agentes penitenciários reféns por 25 horas. Após o acerto de transferências, agentes e presos que também eram mantidos reféns foram liberados e ninguém ficou ferido.
Perda de contato com a classe trabalhadora arruína democratas e acende alerta para petistas
Bolsonaro testa Moraes e cobra passaporte para posse de Trump; acompanhe o Sem Rodeios
BC dá “puxão de orelha” no governo Lula e cobra compromisso com ajuste fiscal
Comparada ao grande porrete americano, caneta de Moraes é um graveto seco
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião