São Paulo (AE) Entre o Congresso e o Planalto, o ministro Nelson Jobim, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), tem feito movimentos políticos considerados desengonçados. Do Ibope de Luiz Inácio Lula da Silva pré-mensalão até a dura realidade de hoje, Jobim atravessou dois universos. Há um ano, foi lançado como presidenciável por um colega de partido e recebia mensagens sedutoras de emissários do ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, insinuando que uma chapa Lula-Jobim seria imbatível em 2006.
Hoje, o próprio Jobim repete em conversas privadas que não é candidato a presidente nem a vice. Lula enfrenta uma campanha difícil pela reeleição e o Planalto tem certeza de que Jobim adoraria ocupar a vaga de vice na chapa mas não sabe se fará bom negócio se aceitar a oferta. Descrito por um assessor do Planalto como um "aliado que não alia", Jobim é tratado por Lula com a elegância que seu cargo permite e os interesses do governo exigem.
"A candidatura do Jobim interessava ao PMDB quando a reeleição parecia uma barbada", afirma o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). "Com a crise, o PMDB se afastou do governo e pode até lançar um candidato próprio. Não acredito que este nome seja o Jobim", acrescenta o senador.
O problema de Jobim reside na clássica dificuldade entre o que se diz e se faz mesmo que não seja candidato, seu comportamento gera inseguranças e dúvidas, traduzidas numa interpelação assinada por dezenas de personalidades, em sua maioria do mundo jurídico, divulgada na semana passada, exigindo que esclareça quais são seus planos, afinal. Jobim decidiu que não vai responder ao questionamento. Primeiro porque não vê motivo para justificar a interpelação. Segundo, porque está convencido de que a primeira resposta seria seguida de uma nova pergunta, depois de uma terceira e uma quarta, dando nascimento a uma situação de constrangimento permanente. "Esse ato só pretende desgastar o ministro e o próprio Supremo", diz o deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF), grande amigo de Jobim.
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