No longo depoimento prestado na madrugada de sua prisão, na sede da Polícia Federal do Rio, que na sexta-feira (11) foi tratado pelos policiais federais como informal, o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Favela da Rocinha, revelou que negociava há cerca de dois meses sua rendição com o coordenador do AfroReggae José Júnior. O traficante, segundo os policiais federais, não citou qualquer policial civil na negociação. Segundo os agentes, o bandido, bastante tenso, chegou a chorar ao afirmar que, depois da prisão, vai abandonar o tráfico.
"Não vou mais traficar. Não quero mais saber dessa vida", afirmou o bandido.
Nem também revelou como entrou no crime. Segundo o traficante contou no depoimento aos federais, isso aconteceu há 12 anos, quando sua filha nasceu com uma doença grave, degenerativa. O bandido, nessa época, era um vendedor de revista e, sem dinheiro para custear o tratamento, pediu demissão do emprego.
"Não é verdade que entrei no tráfico depois de receber R$ 400 mil do antigo chefe do trafico na Rocinha. Entrei por opção própria, para custear o tratamento médico da minha filha, na época muito caro", afirmou o bandido.
Como O GLOBO revelou na sexta-feira, o traficante afirmou que metade de tudo que faturava com a venda de drogas era entregue a policiais civis e militares da banda podre. A propina gorda seria entregue a numerosos agentes públicos. O traficante deu detalhes, inclusive datas, de casos de extorsão. Ainda no depoimento, o criminoso afirmou que recebia, no máximo, R$ 1 milhão por mês brutos. Algumas estimativas chegavam a R$ 100 milhões por ano.
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