Os resultados do Paraná na última edição do exame nacional Prova Brasil, realizada em 2011, mostram que cerca de 45% dos alunos do 5º ano na rede pública aprenderam o que se considera adequado nas disciplinas de Português e Matemática. Na prova de Matemática que avaliou os alunos do 9º ano, o índice foi ainda pior. Dos quase 160 mil estudantes que fizeram o exame aplicado pelo Ministério da Educação (MEC), só 14% souberam solucionar problemas em níveis satisfatórios.
O desempenho ruim dos alunos paranaenses seria uma das razões para a medida recentemente anunciada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), dizem analistas. No dia 12 de dezembro foi oficializado o aumento no número de aulas de Português e Matemática para as turmas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Das 25 aulas semanais, serão cinco dedicadas à Língua Portuguesa e cinco à Matemática.
Os dados sobre a aprendizagem dessas disciplinas no Paraná ficam mais claros se comparados às redes públicas de outros estados. Quando se analisa o desempenho dos alunos do 5º ano, por exemplo, o Paraná é o quarto colocado em Matemática (46%). Fica à frente de São Paulo (42%) e atrás de Santa Catarina, do Distrito Federal (ambos 47%) e de Minas Gerais (50%).
No entanto, é o histórico das medições que mostra como o estado tem enfrentado dificuldades para avançar. Levando em conta as últimas três medições da Prova Brasil, o Paraná apresenta melhorias tímidas e até regressões. De 2009 para 2011, o estado subiu apenas 4 pontos porcentuais nos níveis de aprendizado adequado em Português no 5º ano. No mesmo período, Santa Catarina subiu 14 pontos. Para as turmas de 9º ano, também em Língua Portuguesa, os estudantes paranaenses tiraram uma nota pior que no exame anterior.
Disciplinas essenciais
Em entrevista publicada em 19 de novembro pela Gazeta do Povo, a superintendente de Educação da Seed, Meroujy Cavet, destacou, entre outros fatores, a necessidade de melhorar a qualidade do aprendizado para justificar o aumento das aulas. No entanto, a medida dividiu analistas.
Para a coordenadora do curso de Pedagogia do FAE Centro Universitário, Sílvia Lozza, a medida foi acertada, já que as duas disciplinas são a base para a assimilação de outros conhecimentos. "Um aluno que sabe interpretar textos e raciocinar com precisão tem bom desempenho em qualquer área."
Já para a professora Inge Suhr, coordenadora pedagógica de graduação do Centro Universitário Uninter, havia alternativas melhores. "É claro que essas são as linguagens essenciais para todo o resto, mas focar apenas nessas duas disciplinas me parece um modo muito utilitário de se pensar a educação." Para ela, em vez de reduzir o número de aulas de outras disciplinas, o aumento das aulas de Português e Matemática poderia ser feito com a ampliação do tempo dos alunos na escola.
Planaltina foi município que mais evoluiu
Embora a maioria dos municípios paranaenses esteja longe de alcançar o aprendizado adequado para as séries avaliadas, o diagnóstico proporcionado pela Prova Brasil tem possibilitado melhorias que impressionam. Em Planaltina do Paraná, Noroeste do estado, a iniciativa da prefeitura de buscar assessoramento fora da cidade e a dedicação da professora Alice Rosália Cattelan fizeram a pequena cidade, de 4 mil habitantes, avançar 40 pontos porcentuais na proporção de alunos com aprendizagem adequada entre 2009 e 2011 (passando para 55%). Foi a maior evolução do estado no aprendizado de Língua Portuguesa em turmas de 5º ano.
Entre 2007 e 2009, o município teve uma regressão de 7 pontos porcentuais na mesma disciplina. Foi de 22% para 15%. "Houve uma acomodação e tivemos uma queda. Foi então que reformulamos a proposta pedagógica e procuramos quem nos ajudasse a reverter o quadro", explica a secretária de Educação, Célia Terezinha Gabbiatti. Ele remete o avanço à acertada escolha da professora Alice para dar formação aos professores de Planaltina.
Professora de Português há 37 anos em Marechal Cândido Rondon, Alice está acostumada a dar cursos de educação continuada em outras cidades. "No começo receberam com desconfiança o método que uso, mas depois passaram a me chamar cada vez mais", conta. Alice trabalha com alfabetização por meio de gêneros textuais, desde o 1º ano. Os critérios e conceitos adotados pela Prova Brasil estão presentes em todo seu planejamento.