Quem tem filho pequeno, sabe: eles lutam contra o sono. Estafados depois de noites sem dormir, os pais lançam mão dos mais curiosos artifícios para fazer os bebês adormecerem. No desespero, tem pai subindo e descendo de elevador, dando volta na quadra com o carro, levando na benzedeira e até dando calmantes fitoterápicos para as crianças.
A promotora de vendas Marisa Fagundes perdeu as contas de quantas noites passou em claro por causa do filhinho Gustavo. Logo que nasceu, o menino acordava praticamente de hora em hora. Hoje, mesmo com 1 ano de idade, ele ainda não dorme a noite toda. "Para fazê-lo pegar no sono, meu marido tem de ficar chacoalhando e cantando", conta.
A cirurgiã dentista Cristiane Carraro também perdeu inúmeras noites de sono por causa da filhinha de 8 meses, Fernanda. Exausta, Cristiane tentou de tudo: chás milagrosos, banhos relaxantes, homeopatia e até benzedeira. "Eu e meu marido chegamos a levar um colchão para o chão do quarto dela para ver se ela dormia", conta.
Em 90% dos casos, o problema que rouba o descanso de muitos pais não tem origem em nenhum distúrbio do sono ou doença. A causa geralmente é comportamental. A questão é que na ânsia de tentar ajudar, os pais costumam cometer uma série de erros que com o tempo acabam só piorando o problema.
Especialistas são unânimes em dizer que qualquer recurso que condicione a criança a dormir somente na presença de determinado estímulo deve ser evitado. "Não é da natureza da criança dormir com música, embalada ou no carro. O hábito de dormir é aprendido e deve ser aprendido corretamente", afirma Alaídes Olmos, neurologista e especialista em sono do Hospital Pequeno Príncipe. Segundo ela, o reflexos de uma noite tranqüila podem ser notados não apenas na qualidade de vida do bebê, como também nos próprios pais. "Para muitos casais, os filhos são motivo de problema. Levantar-se diversas vezes durante a noite deixa os pais exaustos e irritados no dia seguinte. Mesmo assim, muitos demoram a procurar ajuda para tratar um distúrbio que pode ter solução apenas na mudança de hábitos", afirma.