Católicos esperam horas por aceno do Papa
O frio e a garoa persistente não era o que esperavam os fiéis para o dia da chegada do Papa Bento XVI ao Brasil. Nem era o clima ideal para quem passaria, pelo menos, dez horas em frente ao Mosteiro São Bento à espera de um aceno e de uma bênção. Mas nada disso abateu os católicos. "O povo de Deus é um exército. A gente agüenta muitas horas", disse Isabel Guatura Santana, 64 anos, por volta de meio-dia. Ela e o marido, Dermeval Cruz Santana, 73 anos, saíram de Jacareí (a 70 quilômetros de São Paulo) às 5h30 da manhã e às 9 horas estavam colados na grade que separava o público do mosteiro. Garantiram um local com visão privilegiada.
A expectativa dos três, assim como de todos os católicos reunidos para ouvir Bento XVI, era em relação ao que ele diria aos brasileiros na sua chegada ao país. A aposta de Dermeval Cruz Santana era de que o Pontífice traria uma mensagem de paz. "Ele é o representante de Cristo e espero que fale sobre a paz para mudar o Brasil", afirmou, lembrando que o país vive um momento de muita violência.
Também ávidos por esta mesma mensagem estavam cerca de 35 argentinos que chegaram ao Mosteiro São Bento por volta das 11 horas da manhã e garantiram um espaço na frente da sacada de onde o Papa saudou os fiéis. A professora Norma Rojas com uma camiseta identificando seu país de origem e com um boné fazendo referência ao Brasil contou que os integrantes do grupo saíram de quatro cidades argentinas e que vão ficar até domingo acompanhando Bento XVI no Brasil. Depois que o Papa saudou os fiéis, Izabel Santos deixou o mosteiro feliz. Ela saiu de Guarulhos e não esqueceu de levar um binóculo para ver o Pontífice mais de perto. "Foi muito bom, eu sou católica e amo o Papa e Deus", garantiu.
São Paulo Os locais de origem são variados. Eles podem ser moradores da capital paulista ou podem ter vindo do interior do estado, de outras regiões do país, de outros países. Mas a fé e a disposição são as mesmas. Ontem, em frente ao Mosteiro São Bento, no centro de São Paulo, parecia que o tempo havia parado para aqueles católicos cerca de 10 mil pessoas que aguardavam a chegada do Papa Bento XVI. Enquanto a cidade se movimentava em volta, no mesmo ritmo frenético, os fiéis enfrentavam pacientemente a chuva fina e o frio.
No fim da manhã, a turma do gargarejo já estava agarrada à grade que separava a população do mosteiro. E eram, na maioria dos casos, pessoas que já deixaram a juventude para trás, mas não a força e a disposição para ficar em pé durante horas. Uma delas era Edna Corradini, 77 anos, vizinha do Mosteiro São Bento há mais de 30 anos. Ela chegou logo depois das 9 horas, garantindo que agüentaria firme até o início da noite. "Eu trouxe banana e maçã para comer durante o dia", contou.
O espaço aos poucos foi se transformando num acampamento. Muitos levaram cadeiras e bancos, além de alimentos e bebidas. Sem falar nas faixas, cartazes, bandeiras e imagens de santos. E sorte de quem levou agasalhos porque a tarde de ontem foi a mais fria do ano em São Paulo. A temperatura chegou a 11ºC, mas com a garoa a sensação térmica era de uma temperatura ainda menor.
E como todo espaço democrático, havia quem criticasse a mobilização em torno da chegada do Papa. Quem passava apressado pelo Mosteiro São Bento reclamava das interdições de ruas e desvios no caminho. Aos poucos, terminaram as reclamações porque o espaço foi tomado por aqueles que aguardavam a chegada de Bento XVI. A partir daí, quem havia se aproximado não tinha mais como deixar o local.
A expectativa foi crescendo com a proximidade do horário previsto para a chegada do Pontífice. Para sorte dos fiéis, a programação toda foi antecipada porque o Papa desembarcou no Brasil antes do horário previsto. Eram 17h40 quando começaram a tocar os sinos da Basílica de São Bento, ao lado do mosteiro. Eles ficariam tocando até que Bento XVI chegasse.
Logo apareceram os primeiros veículos da comitiva e cresceu a expectativa dos fiéis, que ficavam na ponta dos pés e se esticavam na esperança de ver Bento XVI. Os mais curiosos subiram em árvores. Às 18h05, o papamóvel apontou e passou diante do mosteiro, permitindo que todas as pessoas que estavam perto da grade pudessem ver o Papa. Independentemente do grau de envolvimento com a religião, não é possível ignorar a força da presença do Pontífice e o impacto emocional sobre os fiéis que passaram o dia nesta vigília de fé.
Em seguida, Bento XVI apareceu na sacada do mosteiro de onde fez a primeira saudação ao povo brasileiro. Ele agradeceu a acolhida calorosa e disse que esses dias que passará no Brasil serão de emoção e alegria para ele e para os fiéis, que aplaudiram Bento XVI mais de uma vez no pronunciamento curto. Ele encerrou o encontro com uma bênção.
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