Um novo país com leis e constituição própria, com cargos como o de presidente, juiz e ministros já definidos. Essa nova nação, livre da "influência semita", era o desejo do economista Ricardo Barollo, 34 anos, que está preso em Curitiba, acusado de ser o mentor e mandante do assassinato do casal Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, e Renata Waeschter Ferreira, 21. Dayrell seria um rival de Barollo no controle de grupos de orientação nazista no Paraná e por esse motivo, segundo a polícia, foi eliminado.
O grau de organização do grupo impressionou a polícia paranaense. "Eles faziam contribuições mensais em dinheiro para alavancar esse projeto", explicou o secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari. De acordo com ele, reuniões com até cem adeptos do neonazismo foram realizadas em São Paulo, sob a liderança de Barollo.
Barollo foi preso em São Paulo. Com ele, foi apreendido farto material nazista. Também há registros de atas de reuniões e uma apostila onde se planeja a criação de novo país, batizado pela organização de "Neuland" (Terra Nova, em alemão).
A apostila tem detalhes de como seria o regime político desse novo país, da construção das casas ao processo eleitoral. "Achamos até títulos de eleitor já impressos", diz o delegado do Cope, Francisco Caricati.
Embora fosse projetado por brasileiros, o novo país teria seu território em solo europeu, livre, segundo os documentos encontrados, "da influência de negros, homossexuais e, principalmente judeus".
Além de Barollo, foram presos Jairo Maciel Fischer, 21, João Guilherme Correa, 18 anos, Rosana Almeida, 22, Gustavo Wendler, 21, e Rodrigo Mota, 19. Fischer e Correa teriam sido os autores dos disparos que mataram Bernardo e Renata, quando eles saiam de uma festa em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba. A festa, promovida para comemorar o aniversário de Adolf Hitler, foi organizada por Dayrell. Mota seria o motorista do carro que levava Fischer e Correa e Rosana e Wendler foram responsáveis por atrair o casal para fora da festa.
O advogado do economista, Adriano Bretas, diz que seu cliente estudou a ideologia nazista, conhecia Bernardo Dayrell, mas não participa de movimentos de ultradireita. "Portanto negamos que ele tenha dado ordem para matar Dayrell ou qualquer outra pessoa."