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Imagem aérea mostra a extensão da seca no Rio Negro: nível da água deve voltar a subir só em novembro | Alberto César Araújo/Folhapress
Imagem aérea mostra a extensão da seca no Rio Negro: nível da água deve voltar a subir só em novembro| Foto: Alberto César Araújo/Folhapress
  • Seca histórica

Um dia depois de bater o recorde da estiagem de 1963, o Rio Negro subiu dois centímetros, marcando ontem 13,65 metros, em Manaus (AM). A tendência, contudo, é que o rio e seus afluentes voltem a baixar nos próximos dias, de acordo com o geólogo do Serviço Geológico do Brasil Daniel de Oliveira. A explicação é que o Rio Solimões, que estava subindo, voltou a descer nos últimos dias: em três dias, foi de 1,04 metro para 85 centímetros. "A tendência é que em até 15 dias o efeito da nova descida do Solimões chegue ao Negro", disse.A seca nos rios da Amazônia só deve ser revertida no próximo mês, seguindo o ciclo hidrológico da região. Segundo o superintendente de Usos Múltiplos da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Gondim, a seca nos rios foi causada pela diminuição das chuvas nas áreas de nascente na Colômbia e na Venezuela (Rio Negro) e na Cordilheira dos Andes no Equador e no Peru, o que diminuiu o degelo na região onde surge o Rio Solimões. As informações são da Agência Brasil.

Na opinião de Marcos Xi­­menes Pontes, um dos coordenadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), "episódios extremos [grandes secas e grandes cheias do rio] estão ficando cada vez mais frequente e mais agudos". Para ele, esses fenômenos confirmam as hipóteses de que as mudanças climáticas estão ocorrendo. Entretanto, ele acredita que é preciso fazer "estudos mais aprofundados para avaliar se é um momento de exceção ou tem a ver com a mudança climática".

Joaquim Gondim afirma que a vazante dos rios "faz parte da variação natural do clima" e corresponde à "janela hidrológica anual". Para ele, só um estudo de longo prazo que confirmasse a repetição das secas poderia alimentar alguma hipótese relacionada à mudança climática.

Os dois especialistas salientaram que a seca dos igarapés dos rios que formam o Amazonas tem isolado as populações que não podem circular de barco. Segundo eles, os ribeirinhos sofrem com a falta de abastecimento de alimentos e água potável, e muitas crianças param de ir à escola por causa da falta de transporte.

Na última semana, o Mi­­nistério da Integração Nacional anunciou a transferência de R$ 23 milhões para o governo do Ama­­zonas para ações de socorro e as­­sistência aos municípios atingidos pela seca. Vinte e sete municípios solicitaram reconhecimento da situação de emergência por causa da estiagem.

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