As polícias Civil e Militar prenderam quatro suspeitos e apreenderam 15 fuzis neste domingo (13), o primeiro dia da Operação Choque de Paz, nas favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, na zona sul do Rio de Janeiro.
Também foram apreendidas 20 pistolas, uma submetralhadora, duas espingardas, 20 rojões, três granadas, mais 15 mil munição para armas de calibres diversos, 61 bombas artesanais e dois rádios transmissores. Os policiais encontraram 112 quilos de maconha, além de 60 quilos de pasta base de cocaína. Setenta e cinco motos e um automóvel Toyota Hilux foram recuperados. Duas centrais clandestinas de TV a cabo foram fechadas. O balanço do primeiro dia da operação foi divulgado às 18h30 deste domingo (13).
Bandeiras do Brasil e do Rio hasteadas confirmam ocupação da Rocinha
As autoridades policiais ocuparam neste domingo (13) a comunidade da Rocinha, além do Vidigal e Chácara do Céu, hastearam as bandeiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro para marcar a retomada do controle das comunidades, que ocorreu em apenas duas horas e sem disparar um só tiro.
Com uma operação relâmpago que não encontrou a mínima resistência armada, um efetivo formado por mais de 1,5 mil policiais civis e militares, agentes das polícias Federal e Rodoviária Federal, além de fuzileiros navais, apoiados por 18 veículos blindados e sete helicópteros, deu ponto final ao domínio do tráfico na região.
O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) liderou a ofensiva com os blindados da Marinha, que romperam facilmente as poucas barricadas deixadas pelos traficantes em fuga das três comunidades onde ocorre a chamada "Operação Choque de Paz".
Ao contrário da tomada do Complexo do Alemão, em novembro do ano passado, onde houve troca de tiros entre criminosos e as forças policiais e militares, que detiveram dezenas de suspeitos, a operação deste domingo transcorreu sem incidentes, e apenas um foragido da Justiça foi preso. Foram ainda apreendidos 12 fuzis, uma metralhadora e uma granada.
"O que se tem de concreto é a libertação dessas pessoas do jugo do crime, do jugo do fuzil. O nosso trunfo é ação combinada e quebra de paradigma territorial", afirmou o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, ao resumir a conquista da ação policial.
Beltrame deu como encerrada a primeira fase da operação, mas explicou que mais armas e drogas podem ser encontradas em breve porque "o que começou hoje não tem data para terminar", já que a área recuperada é muito extensa.
Com 95 hectares, a Rocinha é a maior das três comunidades tomadas, com uma população de 72.458 pessoas, segundo o censo de 2010. Já o Vidigal e a vizinha Chácara do Céu têm 11.321 habitantes.
Durante anos, a região foi também, segundo a polícia, o principal centro de distribuição de drogas da Zona Sul do Rio, que inclui bairros como Copacabana, Ipanema e Leblon.
Diariamente, muitos estrangeiros visitam as vielas estreitas das comunidades, principalmente a Rocinha, a bordo de jipes de empresas de turismo que oferecem "safáris urbanos" aos interessados em ver de perto a pobreza que convive com a opulência de alguns bairros cariocas.
Pela Rocinha e o Vidigal passam ainda importantes vias de ligação entre a Zona Sul e a Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste que possui o maior crescimento imobiliário da cidade e onde serão construídos alguns dos locais de disputa dos Jogos Olímpicos de 2016.
Ao falar sobre o sucesso da operação, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, falou do "resgate de comunidades antes dominadas pelo poder paralelo" do narcotráfico, e disse que o estado promoverá mais investimentos sociais nessas favelas para que sua população desfrute de "dignidade e paz".
É isso o que esperam os moradores da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu que hoje, assim que foi concluída a operação, voltaram a sair às ruas, agora tomadas por policiais e não por traficantes armados.
Um grande contingente de policiais permanecerá nas comunidades até que seja instalada uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), um modelo que combina a presença do Estado como autoridade com investimentos sociais, e que já funciona com sucesso em outras 18 favelas cariocas.
Meta é atingir 40 UPPs
O secretário estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, comemorou ocupação e disse que a meta de atingir 40 unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na cidade está mantida. Contando com a da Rocinha, chega a 19 o número de UPPs já implantadas.