O Centro Cívico de Curitiba ficou revirado pela tempestade da tarde de ontem. Moradores, pedestres ou motoristas, todos ficaram atônitos diante dos reflexos da forte chuva, que destelhou casas e derrubou árvores e postes, bloqueando ruas e provocando um apagão elétrico. Houve queda de granizo e há relatos de que um vendaval em forma de redemoinho atingiu a região.
Na Praça Nossa Senhora de Salette, onde fica o Palácio Iguaçu e o prédio da prefeitura, o cenário era desolador: várias árvores caídas, em meio a galhos e folhagem espalhados. O temporal chegou a arrancar dois postes de iluminação. Uma cabine de vigilância foi arrastada pelo vendaval.
Moradores se assustaram com a quantidade de granizo que caiu na região. Mais de uma hora depois da tempestade, as pedras de gelo ainda se acumulavam em jardins e nas ruas. Em frente ao Palácio das Araucárias, um pinheiro não resistiu, arrastando um poste e a fiação elétrica, atingindo três carros. Os bueiros não deram conta de escoar a água e um alagamento interditou o cruzamento. Quem saía para a rua ficava com água à altura dos joelhos.
"Foi tudo muito rápido. Pela janela, eu vi que tudo ficou branco. Depois, veio o vendaval. O vento rodava, em um grande redemoinho. Parecia um tornado", descreveu Maria Lúcia de Queiroz, síndica do prédio que fica no cruzamento. Garagens de outros condomínios também foram alagadas.
Pelo menos oito carros foram atingidos por árvores, em ruas ou estacionamentos do Centro Cívico. Um deles é um Mercedes A-190, do universitário Augusto Guimarães. Ele estava dentro do veículo, na Rua Roberto Barrozo, quando a árvore atingiu o teto do carro e outro automóvel que estava do outro lado da rua. "Eu não vi nada. Só escutei o barulho. Tive que chutar a porta para abri-la. Foi desesperador", contou.
O prédio da prefeitura também sofreu com o temporal. O setor de alvarás da Secretaria Municipal da Fazenda foi afetado pela chuva e pelo vento, que espalhou e danificou documentos. Por causa disso, o setor não vai funcionar hoje.
Trânsito
Com os semáforos desligados e poucos agentes de trânsito, o tráfego fluía com dificuldade em toda a região. Nas rótulas e cruzamentos, carros, motocicletas e ônibus disputavam passagem, em meio a buzinaços. Mesmo com as sirenes ligadas, ambulâncias, carros dos bombeiros e da Defesa Civil não conseguiam furar o congestionamento. Por volta das 18 horas, com parte dos sinaleiros voltando a operar, o engarrafamento se estendia por todo o bairro.
Quem ia a pé também encontrava dificuldade para atravessar a rua ou para pegar ônibus. Nos pontos e tubos, as pessoas se amontoavam, tentando fugir da chuva e com a expectativa de tomar o próximo coletivo. "Vai ser difícil chegar em casa hoje. Parece o fim do mundo", disse Lídia Lemos, que, com sombrinha em mãos, apertava o passo.