Aproximadamente 9,7 mil candidatos brasileiros a bolsas de estudos em universidades portuguesas pelo Ciência sem Fronteiras (CsF) - aptos a mudarem de país pelas novas regras do programa - podem não ter garantido nem o curso acadêmico nem o de idioma estrangeiro no novo destino.
A possibilidade de transferência para países como Estados Unidos Grã-Bretanha, Austrália, Canadá, Irlanda, Itália, França e Alemanha tem o propósito de desconcentrar a quantidade de bolsistas nas universidades de Portugal.
O país luso é o segundo maior destino dos beneficiados pelo CsF. No dia 5, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que quase 70% dos bolsistas que escolheram o país foram estudar em universidades consideradas mais fracas do que as principais instituições brasileiras.
Mesmo com a intenção de enviar mais estudantes para outros países, a forma inesperada com que os alunos estão sendo informados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) sobre os novos procedimentos está gerando mais questionamentos. "Continuamos com dúvidas mesmo após recebermos os e-mails da Capes", diz Sergio Machado, de 23 anos, aluno de Engenharia Biomédica da Universidade Federal do ABC, que transferiu sua candidatura para Itália.
Uma das principais dúvidas é se está garantida não somente a vaga após a mudança, mas também o curso de idioma intensivo no exterior - já que os alunos não têm conhecimento comprovado da língua do novo país para o qual estão se candidatando.
A Capes, por meio do Ministério da Educação (MEC), informou que o estudante que optar pela mudança não terá uma vaga certa no curso de idioma lá fora. "Ele passará a concorrer à bolsa de línguas e à própria vaga no novo país escolhido em bolsas adicionais que ainda estão em negociação", diz o comunicado.
A pasta informa também que os candidatos terão ainda de providenciar documentação complementar que é exigida para todos os países, como vistos e dados bancários para efetivar o novo processo seletivo. Além disso, o MEC ainda não deixou claro se esses estudantes que conseguirem viajar e ter direito ao curso de idioma adicional de seis meses serão obrigados a ressarcir os gastos do governo, caso não consigam passar no exame de certificação na língua. Esse teste é necessário para inscrição do aluno na universidade estrangeira. Nas seleções do CsF, quem não consegue atingir as pontuações estabelecidas são obrigados a retornar ao Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.