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Comemoração

No dia do garçom, histórias da profissão

Há quem tenha servido de Sarney a Lula. Quem reclame do horário ou do freguês. E quem tenha criado laços de amizade

Tradicional corrida dos garçons, em Santa Felicidade, reuniu em 2008 cerca de 200 participantes e distribuiu prêmios de R$ 700 aos vencedores das quatro categorias | Daniel Dereveki/Gazeta do Povo
Tradicional corrida dos garçons, em Santa Felicidade, reuniu em 2008 cerca de 200 participantes e distribuiu prêmios de R$ 700 aos vencedores das quatro categorias (Foto: Daniel Dereveki/Gazeta do Povo)

O garçom Pedro Carlessi, de 51 anos, parece ter saído de um livro. Em mais de 30 anos de profissão, serviu quase todos os presidentes da República desde a redemocratização. Estão na lista José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Somente Itamar Franco ficou de fora. Com tamanha experiência, tornou-se referência para os colegas. "Nesta profissão conhecemos muitas pessoas e diferentes culturas", explica. "Quem se dedica conhece coisas novas. Aprendi, por exemplo, a receber bem e a fazer pratos e bebidas diferentes." Outra aventura de Carlessi foi explicar a Regina Duarte a receita da Caesar Salad. "Ela tinha a receita para 70 pessoas. Expliquei como a salada era preparada realmente", diz.

Ele só tem uma reclamação: o horário. "Não temos uma rotina como as outras pessoas", queixa-se. E, na data comemorativa dedicada à sua profissão, ontem, 11 de agosto, Carlessi estava no trabalho. Ossos do ofício.

O horário de trabalho é uma das principais reclamações da categoria. A maior parte dos garçons trabalha aos fins de semana e feriados e muitas vezes não tem hora para voltar para casa. "Tem casos em que a festa vai até as 5 horas da manhã e temos de ficar trabalhando", diz Carlessi. O garçom Paulo Batista trabalha na área há 26 anos e conta que ele e a esposa tiveram de fazer uma adaptação para passar mais tempo juntos. "Tiramos folga no mesmo dia e transformamos o meio da semana no nosso fim de semana", diz.

O presidente da regional paranaense da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fábio Aguayo, afirma que o horário causa grande dificuldade para o retorno dos profissionais para casa. "Nossa sugestão é criar uma linha de ônibus interbares, que beneficiaria tanto os clientes quanto os trabalhadores", propõe.

Entre tapas e beijos

A relação entre clientes e garçons pode gerar também laços de amizade. Foi o que aconteceu com o motorista Miguel Veiga. Ele vai toda semana ao mesmo restaurante. "Sempre sou atendido pela mesma pessoa. Depois de tanta conversa, nos tornamos amigos." Contudo, alguns clientes reclamam. O engenheiro Luiz Paulo de Souza conta que já passou por situações incômodas de espera em alguns restaurantes da cidade. "Quando o movimento está grande, há demora em achar mesas e fazer os pedidos", diz. Ele acredita que um bom garçom atende com presteza e sem demora.

Mas do outro lado também há reclamações sobre a freguesia. "Tem gente que chega mal-humorado e desconta na gente. E reclamam de tudo, do ambiente, da comida e da demora", diz Álvaro Antonio da Silva, o Lambari, na profissão há mais de 20 anos.

Outra polêmica relacionada à profissão dos garçons é o pagamento da taxa de 10%. Alguns estabelecimentos cobram este valor também sobre o preço da entrada e do estacionamento. "A taxa só pode ser cobrada sobre os alimentos e bebidas. O pagamento é facultativo e os proprietários devem deixar isso bem claro", diz Fábio Aguayo. Ele afirma que, apesar de muitos clientes serem contra a taxa, ela é uma forma de os garçons ganharem mais. "Há casos que, dependendo do movimento, o profissional pode ganhar até R$ 3 mil."

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