Propostas não resolvem obstáculos de imediato
No geral, a maioria das propostas em andamento nas cidades do interior do estado prioriza a melhoria do fluxo de veículos e ônibus, mas ainda carece de integração entre diferentes tipos de transporte.
Em Ponta Grossa, a intenção da prefeitura é evitar o acúmulo de pessoas no Centro atraindo-as para os bairros. A saída, segundo o secretário municipal de Planejamento, João Ney Marçal Dias, está no plano de mobilidade, lançado há um mês, mas que prevê um custo de R$ 400 milhões que precisa da parceria do governo federal, via PAC.
Em Ponta Grossa, uma das propostas em andamento é a criação de mais terminais de ônibus. Hoje há quatro, um no Centro e três nos bairros. O plano prevê a existência de 10 terminais, com a desativação do central. A área do atual terminal central viraria um espaço de lazer. Também está previsto a construção de 100 quilômetros de ciclovias.
Em Maringá, uma das medidas propostas, segundo o secretário municipal de Planejamento, Laércio Barbão, é o alívio do fluxo da Avenida Brasil. Pelo projeto, 12 quilômetros de binários vão priorizar o transporte coletivo, abrindo mais espaço na avenida para ciclistas e acesso de pedestres.
Em Foz do Iguaçu, uma comissão para discutir a mobilidade foi formada após uma audiência pública, em abril. O diretor do Instituto de Transporte de Trânsito Foztrans, Carlos Budel, diz que já está garantida uma verba de R$ 68 milhões para fazer pavimentação, calçadas e ciclovias na cidade. Outros R$ 15 milhões serão destinados para melhoria da sinalização e monitoramento do trânsito.
Em Londrina, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) tem tentado conciliar propostas e orçamento. "Temos vários pontos difíceis e uma frota que aumenta a cada dia. Estamos lutando para encontrar uma solução final, mas trabalhando conforme o orçamento", comenta o diretor de Trânsito do instituto, o arquiteto João Ulisses Lopes.
Uma das medidas trabalhadas na cidade é a priorização dos ônibus por meio de faixas exclusivas. Hoje são 15 quilômetros e também há estudos para ampliar isso. O gerente de Transportes da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Wilson de Jesus, diz que a oferta de linhas coletivas com tráfego mais rápido tem sido uma maneira de tentar incentivar o uso dos coletivos. "Nossa taxa de ocupação de veículos já é de 1,2, sendo que um ônibus pode levar de 60 a 80 pessoas. Colocamos linhas diametrais, que ligam uma região a outra passando pelo centro, mas por vias mais ágeis, e interbairros, que não passam pelo centro", relata.
A falta de ciclovias e a qualidade do transporte coletivo são preocupações constantes dos curitibanos, mas nos últimos anos também passaram a incomodar os moradores das cidades do interior do Paraná.
Embora Ponta Grossa, nos Campos Gerais, não seja uma metrópole, o tempo gasto no trajeto entre a casa e o trabalho de alguns moradores da periferia da cidade já chega a uma hora, superando a média da campeã da demora no país: São Paulo. Uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com dez regiões metropolitanas indicou que na capital paulista o tempo médio de deslocamento casa-trabalho é de 42,8 minutos. Em Curitiba, é marca de 32,1 minutos.
A dona de casa Regiane de Queiroz leva uma hora para percorrer dez quilômetros entre sua casa, no conjunto Gralha Azul, e o Centro. O ônibus passa de hora em hora e ela tem de se deslocar ao terminal de Nova Rússia antes de chegar ao terminal central porque não há linha direta entre a sua residência e o centro. "É ruim porque quando chega ao terminal de Nova Rússia ainda tem que esperar uns 15 minutos para pegar o ônibus até o terminal central", comenta.
Com uma proporção de 0,53 carro por habitante, a cidade tem uma frota de 176 mil veículos, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), 213 ônibus e 100 mil passageiros/dia dependendo do transporte coletivo, mas nenhuma ciclovia. Lançado há um mês, um plano de mobilidade que prevê intervenções na ordem de R$ 400 milhões promete melhorar a situação, mas ainda depende de inclusão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
Integração
Além da escassez de recursos financeiros, um entrave comum ao desenvolvimento da mobilidade nas cidades do interior é a falta de planejamento de longo prazo, que priorize questões-chave como a integração de modais e do transporte público. Em Foz do Iguaçu, Oeste do Paraná, as principais reclamações dos moradores ônibus lotados e o longo tempo de espera em alguns pontos da cidade são exemplos disso. A estudante Caroline Agripino diz que os coletivos passam a cada 45 minutos no Jardim das Palmeiras, onde mora. "A passagem é muito cara para a qualidade do serviço oferecido". O transporte coletivo de Foz tem cerca de 65 mil usuários por dia, opera com 143 ônibus em 42 linhas, mas não é integrado e não conta com um terminal central. Os ônibus circulam em meio a uma frota de 148.941 veículos, ou seja, 0,58 por habitante.
A cidade também precisa de mais ciclovias (há dois quilômetros, além de três quilômetros de ciclofaixas que precisam de revitalização) e da retirada do trânsito de caminhões de carga que vem da Argentina e passa pelo centro, por falta de uma via alternativa.
Em Londrina, cidade do Norte que tem a segunda maior frota do estado, há apenas 17 quilômetros de ciclovia em funcionamento, com a intenção de chegar a 100 quilômetros. Com 424 ônibus em operação e 80 mil usuários por dia, por ora, as ações que realmente estão saindo do papel são de cunho mais imediato, como o alargamento de vias arteriais, como a Rua Goiás e a Avenida Duque de Caxias.
Maringá
Para o arquiteto e urbanista Thiago Botion Neri, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e especialista em Mobilidade Urbana, ainda falta muito planejamento na cidade. Segundo ele, hoje a prefeitura de Maringá só resolve problema de fluxo, mas não trabalha com medidas de mobilidade a longo prazo. O arquiteto e urbanista defende a construção de ciclofaixas, que poderiam ser implantadas com mais rapidez e menor custo.
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