Transporte público parou na tarde de ontem em Curitiba e gerou congestionamentos na região da Praça Rui Barbosa| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Protesto pela redução da tarifa reúne 400

Amanda Audi e Diego Antonelli

Cerca de 400 pessoas participaram de uma manifestação pela redução da passagem de ônibus na noite de ontem em Curitiba. O ato teve início às 19 h na Praça Rui Barbosa, no Centro. Os manifestantes saíram em passeata, fechando as vias. Eles chegaram em frente da Câmara Municipal às 20 h, onde ocuparam as escadarias. O movimento foi pacífico e terminou perto das 21 horas.

Com batuques e faixas, o grupo caminhou pelas ruas André de Barros e João Negrão. Eles passaram pela Avenida Sete de Setembro e Rua Barão do Rio Branco em direção à Câmara Municipal. O trânsito ficou lento nas proximidades. Agentes da Setran acompanharam a marcha.

O único incidente aconteceu já na Câmara, no fim do protesto, quando um manifestante foi hostilizado pelos demais, que o acusavam de ter agredido a namorada. Em defesa do rapaz, uma moça gritou palavras de ordem e chegou a fazer topless.

"Tarifa zero", "Passe livre já" e até "Fora Feliciano" diziam os cartazes levados pelos manifestantes. Em clima bem humorado, eles cantavam "Boi, boi, boi, boi da cara preta, se não baixar a tarifa a gente pula a roleta".

A manifestação vem no embalo do Dia Nacional de Lutas, série de protestos organizados por centrais sindicais de todo o Brasil. "Hoje é dia de luta dos trabalhadores e também é nossa luta", disse, no megafone, uma das manifestantes. Em Curitiba, o movimento é encabeçado pela Frente de Luta pelo Transporte Público e a Assembleia Nacional de Estudantes-Livre.

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Outras áreas

Hospital de Clínicas atendeu só emergências; UFPR cancelou aulas

Além do transporte público, outras áreas foram afetadas pelas manifestações em Curitiba. O Hospital de Clínicas (HC) funcionou parcialmente, ontem, com atendimentos de urgência e emergência.

Já na Universidade Federal do Paraná (UFPR) as aulas foram canceladas. A cidade também sofreu impactos na coleta de lixo – trabalhadores da limpeza pública suspenderam as atividades durante o dia.

Funcionários do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, também aderiram ao Dia Nacional de Luta. No terminal, cerca de 35 empregados ficaram reunidos durante uma hora no período da manhã, de forma pacífica. Nenhum voo foi atrasado ou cancelado.

20% da frota de ônibus do transporte coletivo de Curitiba ficou parada desde as 16 horas, quando o protesto organizado pelas centrais sindicais começou. Segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana, as linhas mais afetadas foram as que passam pela Rui Barbosa, no Centro. Nos demais pontos não houve grandes transtornos. A decisão de interromper o itinerário de alguns ônibus foi tomada em assembleia realizada às 15h30 de ontem.

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Paralisação no meio da tarde surpreendeu alguns usuários
Protesto pela redução da tarifa também ocorreu ontem

No Paraná, o Dia Nacional de Lutas, promovido pelas centrais sindicais ontem, teve como consequência a ocupação de pelo menos 15 praças de pedágios, bloqueios em rodovias que cortam o estado, paralisação parcial do transporte coletivo de Curitiba, fechamento antecipado de parte do comércio da cidade e dispensa de servidores públicos municipais e estaduais.

Em Curitiba, cerca de 600 pessoas, segundo a Polícia Militar, se concentraram na Praça Rui Barbosa para reivindicar melhorias para suas categorias. O maior impacto das manifestações foi causado pelo Sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba (Sindimoc).

FOTOS: • Paralisação dos ônibus e greve geral em Curitiba

• Confrontos no Rio de Janeiro

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VÍDEOS: • Trabalhadores da coleta de lixo lutam por melhorias

• Movimentos sindicais voltam às ruas em Curitiba

O transporte coletivo na região central de Curitiba foi paralisado das 16 às 19 horas. Muitos decidiram pedir carona a amigos e familiares para conseguir voltar para casa.

Um mandado proibitivo expedido pela Justiça a pedido da Urbs, entregue antes da reunião dos motoristas e cobradores, determinou que, em caso de paralisação, 50% dos ônibus deveriam continuar circulando.

Segundo o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, o movimento não pensava em paralisação geral ou no prejuízo dos usuários do sistema. "O transporte público funcionou normalmente durante todo o dia. Se nós julgarmos necessário, devido à quantidade de pessoas na praça, pararemos apenas os ônibus que circulam na região por questão de segurança", afirmou o presidente, antes da assembleia da categoria que determinou a paralisação.

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Com a suspensão da circulação de ônibus na Praça Rui Barbosa, os coletivos paravam em ruas próximas, o que gerou lentidão no trânsito em alguns pontos como na Avenida Sete de Setembro e Praça Carlos Gomes.

A repentina interrupção surpreendeu alguns usuários. "Acabei de entrar na estação-tubo e os ônibus pararam de passar aqui na praça. Agora, não vou ter meu dinheiro de volta e não vou ter como voltar para casa", disse o zelador Valdeci Oliveira.

Os transtornos causados não impediram que a população apoiasse o movimento. "Eu vou voltar a pé para casa, mas é importante esse movimento para tentar melhorar as coisas", comentou a aposentada Maria do Carmo.

O Sindicato dos Comer­­ciários de Curitiba e região (Sindicom) orientou os empresários a liberarem seus funcionários a partir das 14 horas. O anúncio dos protestos e a iminência de suspensão dos ônibus também diminui o movimento na região central. Lojas do centro encerram o expediente mais cedo, fazendo com que, nas ruas, a correria de uma quinta-feira se transformasse na tranquilidade de um domingo típico.

Praças de pedágio são alvo no interior

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Rafael Neves e Maria Gizele da Silva, da sucursal

Dezesseis praças de pedágio em rodovias do Paraná foram abordadas por cerca de 1.300 manifestantes, durante todo o dia de ontem. Em algumas, as cancelas foram levantadas e os carros passavam sem pagar. O objetivo das manifestações, segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), era exigir a redução imediata das tarifas cobradas pelas concessionárias e agilidade na reforma agrária.

Os protestos também bloquearam duas rodovias. Por volta de 8 h, sindicalistas interromperam o trânsito no quilômetro 99 da BR-277, próximo a Curitiba. O protesto durou pouco mais de uma hora. No mesmo horário, outra interdição tomou a mesma BR-277, já no município de São José dos Pinhais. Manifestantes do MST bloquearam a rodovia nos dois sentidos até às 10h.

Durante a manhã, protestos de trabalhadores fecharam o trânsito na CIC, perto da fábrica da Volvo; na BR-277, próxima ao posto da PRF; na BR-376, na região da Volkswagen; na BR-277, perto da fábrica da Renault, em São José dos Pinhais; e na Rodovia do Xisto, entre Curitiba e Araucária. Todas as vias já foram liberadas.

Um dos primeiros postos a serem liberados foi o da Lapa, às 12h05. No local, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu seis manifestantes no local e acabou com o protesto.

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Durante a tarde, os atos foram encerrados pacificamente em São Luiz do Purunã, Ortigueira, Imbaú, Laranjeiras do Sul, Candói, Arapongas, São José dos Pinhais, Cascavel, Campo Mourão, Mandaguari, Floresta, Corbélia, Castelo Branco, Jacarezinho e Jataizinho.

A praça de pedágio de Jataizinho, no Norte do Paraná, foi a última liberada, por volta de 18h15 de ontem, por manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

Ponta Grossa

Cerca de 100 pessoas participaram do ato público em apoio ao Dia Nacional de Luta ontem em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Os manifestantes se reuniram na escadaria da igreja Sagrado Coração de Jesus, no Centro, e cobraram melhorias para os trabalhadores. O ato foi organizado pelas centrais sindicais e nenhum incidente foi registrado. Cerca de dez homens da Polícia Militar e da Guarda Municipal acompanharam o movimento a distância.