A Polícia Civil do Piauí investiga se uma jovem de 17 anos foi vítima de um estupro coletivo em Bom Jesus (a 732 km de Teresina). Para o delegado que apura o caso, não há dúvidas de que quatro menores de idade e um rapaz de 18 anos violentaram a menina. Ele aguarda os resultados de exames de DNA para comprovar o crime coletivo.
Se for confirmado, será o segundo estupro coletivo registrado no estado no intervalo de um ano. Em 27 de maio de 2015, quatro adolescentes com idades entre 15 e 17 anos foram estupradas por cinco homens em Castelo do Piauí (a 172 km de Teresina). Uma das vítimas morreu.
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A jovem de Bom Jesus foi encontrada seminua e amordaçada com a própria roupa na última sexta-feira (20), numa construção no centro da cidade, que possui cerca de 22 mil habitantes.
Segundo a polícia, ela foi achada em coma alcoólico, desacordada e com sinais de violência. Sua boca tinha isopor e havia sido amarrada para evitar que a jovem gritasse. Ela foi socorrida e levada para o Hospital Regional de Bom Jesus.
À polícia, os adolescentes - com idades entre 15 e 17 anos - negaram o crime, mas admitiram que viram o rapaz de 18 anos fazendo sexo com ela. “Todos eles se conheciam e acharam normal assistirem ao maior de idade tendo relações sexuais com a garota desacordada”, disse o delegado Aldely Fonteneli de Sousa.
O policial desconfia que os menores de idade combinaram a versão para tentar se inocentar e incriminar o rapaz que foi preso.
“Os quatro adolescentes ficaram todos numa mesma cela, devido à falta de estrutura da delegacia, e há indícios de que eles combinaram a mesma versão”, contou.
O delegado disse que o laudo pericial confirmou que houve o estupro, mas falta a comprovação do envolvimento dos adolescentes. Para isso, a polícia fez coleta de material genético para ter a comprovação. O exame de DNA é feito fora do Estado e deve demorar um mês para ficar pronto.
Os suspeitos contaram que frequentavam o lugar para apreciar a paisagem da cidade e que a menor bebeu meio litro de cachaça.
A promotora Gabriela Almeida Santana pediu ao juiz da cidade a transferência dos quatro menores de idade para Teresina.
O delegado disse que o rapaz de 18 anos confessou que teve relações sexuais, mas negou o uso de violência. Também se disse arrependido. E segundo ele, os outros quatro também fizeram sexo oral com a jovem.
Os menores negam, porém, participação no estupro.
“Acordou gritando”
De alta médica desde o último domingo (22), a garota está tendo acompanhamento psicológico. A tia da vítima contou que a adolescente está com crise nervosa e com dificuldade de dormir.
“Ontem, ela acordou gritando, se debatendo em pânico e dizendo que os criminosos estavam no quatro dela. Estamos tentando fazer com que ela, aos poucos, volte à vida normal”, disse a tia, que pediu para não ser identificada.
Castelo do Piauí
O último caso de estupro coletivo no Piauí havia sido registrado em 2015, quando quatro jovens foram amarradas em árvores, agredidas e atiradas do alto de um morro. Uma das vítimas, Danielly Rodrigues Feitosa, 17, morreu após passar dez dias internada.
Nos dois dias seguintes ao crime, um adulto foi preso e quatro menores de idade foram apreendidos. Os adolescentes foram condenados em julho de 2015 a 24 anos de internação -o tempo máximo previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) é de três anos, com avaliações a cada seis meses.
Seis dias após a condenação, porém, Gleison Vieira da Silva, 17 anos, que havia delatado os colegas, foi agredido até a morte pelos outros três que participaram do estupro. Eles dividiam a mesma cela em um centro educativo em Teresina.
Os três acabaram condenados a três anos de internação pelo assassinato de Gleison. Atualmente, eles cumprem pena em Teresina. O trio recorreu da decisão e aguarda julgamento do recurso.
Também está preso em Altos (PI), mas por assalto a um posto, Adão José da Silva Sousa, de 40 anos, apontado como o mentor do crime. Seu julgamento pelo estupro ainda não ocorreu.
As três sobreviventes do estupro se mudaram para Teresina para estudar. Segundo o promotor que trabalhou no caso, Cezário Cavalcante, uma delas tinha voltado a viver em Castelo do Piauí.
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