Curitiba e Sengés - O Paraná não está preparado para enfrentar desastres naturais e não possui um sistema eficaz de prevenção. O problema está relacionado à falta de estrutura das defesas civis municipais. Em quase metade dos municípios o órgão não existe, e onde existe não está bem organizado. No estado, só Curitiba tem um mapeamento das áreas de risco e um plano diretor de defesa civil. A Defesa Civil Estadual fará o mapeamento neste ano.

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Na maioria das cidades paranaenses, a Defesa Civil existe somente no papel. Há algum representante do órgão, mas geralmente ele não se dedica exclusivamente à função e não é capacitado. Dados de 2009 mostram que, dos 399 municípios paranaenses, 193, ou 48% do total, não tinham Defesa Civil. Já a Defesa Civil Estadual tem uma boa estrutura quando comparada aos órgãos dos demais estados: tem um software de georreferencimento e em 2011 passou a ter o maior número de coordenadorias regionais do país, de 8 para 15, com cerca de 70 pessoas.

Desde dezembro, uma mudança na legislação fez com que a responsabilidade pelo mapeamento das áreas de risco passasse das defesas civis municipais para as estaduais. As prefeituras não estavam conseguindo implantar a exigência. Agora a Defesa Civil Estadual terá de partir dos poucos dados criados pelos municípios. Ainda não há prazos. "Não partimos do zero, o trabalho histórico já existe, mas precisamos de uma análise científica desses cenários para nos prepararmos para os próximos desastres", diz o chefe da seção operacional da Coordenado­­ria Estadual da Defesa Civil no Paraná, capitão Eduardo Gomes Pinheiro.

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O urbanista Carlos Hardt diz que um plano diretor bem planejado já contém diretrizes para o plano de defesa civil. "Os planos diretores deveriam levar em consideração essas fragilidades ambientais do território e propor a não ocupação delas." Hardt sugere como alternativa que os gestores se unam em consórcios.

Sengés x Curitiba

Apesar da enchente que atingiu a cidade de Sengés, no Norte Pio­­neiro do Paraná, em janeiro do ano passado, a Defesa Civil do município não tem estrutura física, veículos nem pessoal exclusivo. Os cargos dos atuais responsáveis pelo órgão foram designados por decreto municipal em fevereiro do ano passado, alguns dias depois da enchente que deixou centenas de desabrigados e causou a morte de seis pessoas.

"Não temos nada, nem um posto de atendimento; a estrutura é precária. O Corpo de Bombeiros mais próximo fica em Jaguariaíva, a 40 quilômetros de distância, mas quem nos atendeu naquela tragédia foi o pessoal de Ponta Grossa e Curitiba, com viaturas e helicópteros", diz o diretor de operações da Defesa Civil, Moisés Lupion Neto. Segundo ele, há apenas médicos e engenheiros que se cadastraram como voluntários.

Já a Defesa Civil de Curitiba pode ser considerada um exemplo para o estado. O órgão mapeou áreas de risco, possui um plano e todos os meses as nove regionais têm reuniões com representantes das secretarias municipais. Todos os anos, os cerca de 30 integrantes das regionais participam de um curso de atualização. Com a verba do fundo municipal de 2010 foram comprados dez barcos, totalizando 20 na cidade, e equipamentos de resgate.

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