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No PR, Danny Glover vem “aprender sindicalismo”

No caminhão: assembleia com ator reuniu centenas de trabalhadores da Renault-Nissan | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
No caminhão: assembleia com ator reuniu centenas de trabalhadores da Renault-Nissan (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

Não, Danny Glover não está velho demais para lutar pelas causas em que acredita. Ao contrário do detetive Roger Murtaugh, personagem que o ator norte-americano viveu nos quatro filmes da franquia Máquina Mortífera, nos quais vivia a reclamar ao seu parceiro, o também policial Martin Riggs (Mel Gibson), que já tinha passado da idade de enfrentar as agruras de agente da lei, Glover não abre mão da militância. E um dos seus maiores focos no momento é a precária situação dos trabalhadores da indústria automotiva no estado do Mississippi, sul dos Estados Unidos. Mais precisamente dos funcionários da montadora Nissan, instalada no município de Kenton, na região metropolitana de Jackson, capital e maior cidade do estado.

Glover, hoje com quase 66 anos, esteve ontem em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitia (RMC) onde participou de uma assembleia promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, em frente da fábrica da Renault, que mantém com a montadora japonesa Nissan uma aliança. O ator, cujos pais eram sindicalistas, veio ao Brasil acompanhando uma comitiva formada por trabalhadores da fábrica americana e de sindicalistas da United Auto Workers (UAW), entidade que representa os trabalhadores do setor automotivo nos Estados Unidos e que mantém um intercâmbio com o sindicato curitibano. O motivo da viagem: "aprender" a fazer sindicalismo com os brasileiros.

Antes da assembleia, Glo­ver contou que a situação dos trabalhadores da Nissan é muito grave. "As montadoras se instalaram nos estados mais pobres e rurais, com uma população mais dócil, e, por conta da rígida legislação estadual do Mississippi, que desestimula a atividade sindical, exploram a mão de obra local. Aqui no Brasil, o sindicalismo têm um histórico de militância e conquistas. Tanto que um deles se tornou presidente da República", disse, referindo-se a Lula.

Assédio

Wayne Walker, 39 anos, funcionário da Nissan desde que a fábrica foi aberta em Kenton, há uma década, contou à reportagem da Gazeta do Povo que os funcionários que se sindicalizam, e ousam militar por melhores condições de trabalho, sofrem todo tipo de reprimendas, que vão do assédio moral ao físico. "Quando comecei a me manifestar, fui discriminado. Puseram mais velocidade na linha de produção em que eu trabalhava para ver se eu desistia, pedia demissão. Temos casos de trabalhadores que têm de usar fraldões porque não têm permissão de deixar o trabalho nem para ir ao banheiro", afirma. "O presidente Barack Obama é a favor dos sindicatos, mas o governador do Mississippi [Phil Bryant] é republicano e totalmente do lado das montadoras. Lá, fazer uma assembleia como essa é proibido", diz.

No alto de um carro de som, cercado de funcionários da Renault que saíam do primeiro turno, por volta das 15 horas, Glover os saudou em bom português, com um sonoro "Boa tarde!", recebido com entusiasmo. Depois, com voz firme, citou o histórico dos metalúrgicos em Curitiba, evocou Martin Luther King, e mesmo com o joelho direito doendo, entusiasmou os metalúgicos. Entre eles, João Paulo, que parou para ouvi-lo. "Já vi os filmes da Máquina Mortífera várias vezes na tevê."

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