Brasília Irritados com a manobra da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que antecipou duas nomeações de petistas na Petrobrás e na BR Distribuidora, os partidos da base aliada querem transformar a supresa em discurso de que foi o próprio governo quem deflagrou as nomeações, quando o acerto era deixá-las para depois da conclusão da votação da CPMF na Câmara.
O governo já começou as conversas para acalmar a base e quer retomar hoje à tarde o processo de votação da prorrogação da CPMF até 2011, com alíquota de 0,38%. O líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), vai se reunir com os líderes da base governista para convencê-los de que pressionar o Planalto, neste momento, não é a melhor estratégia. Primeiro, tem que aprovar a CPMF. "O governo começou as nomeações que queria fazer. Portanto, deverá prosseguir nas nomeações nos outros casos. Esse foi o recado do governo", disse o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP).
"Sobre nomeações, nesse momento, acho indevido. Não deveria ter sido feito agora. É um risco e um complicador vincular essas nomeações à votação da CPMF. Agrada um partido e agora os outros partidos da base vão ficar esperando para ver atendidos seus pleitos", acrescentou o líder do PSB na Câmara, Márcio França (SP).
O líder José Múcio soube da nova rebelião já no domingo e acionou o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, que ainda está tendo que cuidar das denúncias do seu envolvimento no chamado "mensalão mineiro". O Planalto diz que as nomeações eram necessárias e que se trata de queixas isoladas.
Meta
A meta é concluir a votação ainda esta semana, mas os próprios líderes sabem que será difícil. O governo terá que garantir que a base permaneça em Plenário e garanta o mínimo de 308 para derrubar os destaques apresentados ao texto base aprovado semana passada. A previsão otimista é de que a emenda só chegará ao Senado a partir da segunda semana de outubro. Já a oposição avisou que manterá a obstrução das votações.
As sessões iniciam hoje, ao meio-dia, mas o governo ainda terá que retirar a urgência constitucional de um projeto que tranca a pauta desde ontem.
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